É falso que um vídeo viral no Facebook mostre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sendo hostilizado em um bar de Belo Horizonte. O registro, na verdade, é de uma agressão verbal a Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro.
Uma postagem com legenda falsa foi compartilhada 8,5 mil vezes no Facebook. A descrição do vídeo diz: "O cachaceiro Lula bebendo com seus amigos, todos sem máscara! No entanto, em frente à câmera, o ladrão, como um bom ator, diz para os alienados, que param para ouvi-lo, para se protegerem!"
No vídeo em si, não há qualquer menção ao ex-presidente Lula nem ao uso de máscara. Um homem de camiseta verde é filmado se aproximando de uma mesa de bar. Ele se dirige a uma das pessoas sentadas com agressões verbais: "Senhor Wagner, o senhor não tem vergonha na cara, não? O senhor é safado. Você fica no botequinho tomando cerveja na maior cara de pau. Te falta vergonha na cara. O senhor é bandido, ladrão e safado."
O Estadão Verifica utilizou a ferramenta InVID para localizar outras vezes em que o vídeo analisado foi postado. Esta ferramenta captura frames da gravação e pesquisa imagens semelhantes no Google.
Dessa forma, foi possível encontrar o mesmo vídeo no site do Globo Esporte, na reportagem "Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro, é hostilizado por grupo em bar de Belo Horizonte". Segundo o texto, a agressão verbal ocorreu em um bar da região Centro-Sul da capital mineira na sexta-feira, 11. A reportagem teve acesso a outro vídeo da mesma situação na qual os homens afirmam serem cruzeirenses.
Em julho, a casa de Wagner foi alvo de buscas e apreensão na Operação Primeiro Tempo, da Polícia Civil de Minas Gerais. Ele é investigado por falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Ainda no ano passado, o time foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro pela primeira vez em sua história.
Este vídeo também foi checado por Agência Lupa e Boatos.org.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.