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Foto usada para atacar senadores por rejeição a veto de Bolsonaro é retirada de contexto

Postagem que mostra parlamentares comemorando não é de quando tentaram deixar servidores federais de fora da regra que proíbe reajustes salariais até 2021

Por Pedro Prata
Atualização:

Uma foto de parlamentares comemorando a eleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência do Senado foi tirada de contexto em uma postagem do Facebook após o Senado rejeitar um veto presidencial a reajustes para profissionais de segurança pública, saúde, e educação durante a pandemia de covid-19. O veto acabou mantido, pois a Câmara dos Deputados não confirmou a derrubada.

Post resgata foto de senadores em 2019 e sugere se tratar de registro recente. Foto: Reprodução

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"Olha a comemoração frustrada de quem achou que iria ferrar o Brasil!", diz a postagem. Ela é acompanhada por duas fotos de senadores fazendo gestos de comemoração. Além de Alcolumbre, aparecem nas imagens: Lasier Martins (Podemos-RS), Major Olímpio (PSL-SP), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Roberto Rocha (PSDB-MA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Por meio do mecanismo de busca reversa do Google, foi possível identificar vezes em que as fotos foram usadas anteriormente. As duas foram publicadas inicialmente em reportagens que informavam sobre a eleição de Alcolumbre para a presidência do Senado.

A primeira foi publicada pelo jornal online El País na matéria "Davi Alcolumbre, o aspirante do baixo clero que desbancou o MDB no Senado", em 2 de fevereiro de 2019. Ela é de autoria do fotógrafo Fabio Rodrigues Pozzebom, da Agência Brasil.

Davi Alcolumbre comemora eleição para a presidência do Senado. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Já a segunda imagem utilizada no post é do fotógrafo Pedro França, da Agência Senado, e ilustra texto publicado no próprio portal da Casa: "Davi Alcolumbre é eleito novo presidente do Senado Federal", também em 2 de fevereiro de 2019. Ele recebeu votos de 42 dos 81 senadores.

Davi Alcolumbre se tornou o novo presidente do Senado em fevereiro de 2019, primeiro ano da atual legislatura. Foto: Felipe França/Agência Senado

Senado rejeitou veto presidencial

Em 19 de agosto, o plenário do Senado votou pela rejeição de um veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao reajuste para profissionais de segurança pública, saúde e educação durante a pandemia de covid-19. Estas categorias estavam isentas do congelamento de salários até 2021, imposto a Estados e municípios como contrapartida para que o Congresso aprovasse um auxílio federal de R$ 60 bilhões por conta da crise sanitária.

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A pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro vetou o item que abria a exceção. Após a rejeição do veto, o presidente chegou a dizer que os reajustes o impossibilitariam de governar. Guedes, por sua vez, chamou a decisão do Senado de "crime contra o Brasil", motivo pelo qual foi convocado para se explicar.

Um veto presidencial precisa ser rejeitado pelas duas Casas Legislativas para ser derrubado. No dia seguinte à votação no Senado, ele foi mantido pela Câmara dos Deputados. Para isso, o governo precisou negociar com os parlamentares a prorrogação do auxílio emergencial e a liberação de recursos do Orçamento.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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