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Foto de protesto contra Dilma em Copacabana circula fora de contexto

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro compartilham a imagem como se mostrasse a manifestação de domingo em favor do 'voto impresso'

Foto do author Samuel Lima
Por Samuel Lima
Atualização:

Uma foto antiga de uma manifestação pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015, está sendo compartilhada nas redes sociais como se mostrasse o ato recente de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em favor da "PEC do voto impresso". A proposta aguarda votação em uma comissão especial da Câmara e pede a adoção de um registro impresso do voto, a ser depositado em um equipamento acoplado às urnas eletrônicas.

 Foto: Estadão

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Uma das versões da peça de desinformação acumulou 1,9 mil compartilhamentos no Facebook e afirmava, na legenda: "01/08/2021 Brava gente brasileira! Copacabana, RJ". A imagem mostrada, no entanto, não foi tirada na ocasião. Ela circula nas redes há cerca de seis anos.

O Estadão Verifica encontrou uma série de postagens antigas a partir de pesquisas reversas de imagem em plataformas como Google e Yandex, com ajuda da ferramenta de checagem InVID. Não foi possível identificar a origem e a autoria da foto, mas ela viralizou a partir de 16 de agosto de 2015.

Essa é a data da terceira onda de protestos contra Dilma, em 2015, que pediu o afastamento da petista. Atos foram convocados em cerca de 250 cidades, levando cerca de 790 mil pessoas às ruas, segundo estimativas divulgadas pela Polícia Militar.

Entre os perfis que compartilharam a foto em agosto de 2015 está o do deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR). O parlamentar não menciona a fonte da publicação.

Já a manifestação deste domingo, 1º de agosto de 2021, foi estimulada por sucessivas acusações de Bolsonaro sobre supostos casos de fraude nas urnas eletrônicas. Na semana passada, o presidente prometeu apresentar provas em uma transmissão pela internet, mas acabou apenas repetindo alegações falsas desmentidas anteriormente.

O ato pelo "voto impresso" também teve presença na orla da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Imagens verdadeiras da manifestação de domingo podem ser vistas nesta reportagem do Estadão.

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Este boato também foi investigado por AFP Checamos, UOL Confere e Aos Fatos. As três iniciativas de checagem concluíram que as postagens são falsas.


Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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