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É falso tuíte atribuído a Marcelo Freixo que lamenta morte de traficante

Montagem com menção a Elias Maluco tem texto com mais caracteres do que o permitido no Twitter

Por Pedro Prata
Atualização:

É montagem um tuíte atribuído ao deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) que circula nas redes sociais com mensagem de pesar pela morte do traficante Elias Maluco. Embora a foto e o nome de usuário sejam iguais aos utilizados pelo parlamentar, o texto não poderia ter sido publicado no Twitter pois é maior do que o limite permitido pela rede social.

Twitter não permite a publicação de textos acima de 280 caracteres. Foto: Reprodução

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A postagem checada pelo Estadão Verifica foi compartilhada ao menos 1,1 mil vezes no Facebook e atribui a Freixo o seguinte texto: "Recebi com tristeza a notícia da morte do meu grande amigo, grande ídolo, o traficante Elias Maluco. Irei cobrar uma rigorosa investigação quanto aos fatos que lavaram à sua morte (sic) numa cela de um presídio federal. Estou sem chão. O PSOL já está providenciando um funeral digno para que familiares e amigos possam prestar as última (sic) e merecidas homenagens a este grande líder do tráfico e da comunidade do complexo do Alemão". 

Uma análise preliminar do tuíte atribuído a Freixo já permite concluir se tratar de uma montagem. Isso porque o Twitter permite a publicação de postagens com até 280 caracteres. Já o texto utilizado pelo boato possui 444 caracteres.

O Estadão Verifica fez uma busca avançada pelo termo "Elias Maluco" na rede social do deputado. As únicas postagens feitas por Freixo foram em 2013, quando parabenizou "o planejamento e a inteligência" adotados para prender os traficantes Nem e Elias Maluco.

 Foto: Reprodução do 'Estadão' de 20 de setembro de 2002

Nesta quinta-feira, 24, Freixo acusou grupos bolsonaristas de estarem por trás das "mentiras e calúnias". "Por isso precisam inventar mentiras e calúnias. Nós estamos acionando a polícia para que seus autores dessa fake news sejam identificados e punidos", disse.

Elias Maluco foi preso em 19 de setembro de 2002 no Rio de Janeiro. Além de comandar o tráfico no Complexo do Alemão, foi o responsável pela morte do repórter Tim Lopes, da TV Globo, que desapareceu no início de junho do mesmo ano na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio. O traficante foi encontrado morto na Penitenciária Federal de Catanduvas nesta terça-feira, 22. A Polícia Federal aguarda resultado da perícia da morte.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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