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É falso que sistema de UPAs do Rio permita registrar casos de covid-19 antes do diagnóstico

Áudio que circula no WhatsApp inventa que unidades de atendimento têm inflado artificialmente estatísticas do novo coronavírus

Por Gabi Coelho
Atualização:

É falsa a informação divulgada em áudio de uma mulher que se identifica como funcionária de uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da cidade do Rio de Janeiro. Em mensagem de voz que circula no WhatsApp, ela alega que o sistema de triagem de pacientes foi manipulado para aumentar os registros de casos de covid-19. O protocolo de atendimento descrito no áudio não é usado pelas UPAs do Rio, comunicaram as Secretarias de Saúde do município e do estado do Rio.

Leitores solicitaram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp do Estadão Verifica: 11 97683-7490.

 

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No áudio, a mulher dá o exemplo de um paciente que estava com queimaduras. A voz afirma que, durante a triagem, ela precisou registrar no sistema da UPA a opção "sim" ou "não" para caso de covid-19, antes mesmo de haver exame médico para detectar infecção. As Secretarias de Saúde do município e do estado disseram que nenhuma unidade de pronto-atendimento conta com a plataforma de atendimento descrita na mensagem. 

De acordo com as Secretarias de Saúde, pacientes com sintomas de covid-19 são atendidas em um espaço específico para não contaminar outras pessoas. Primeiramente, os casos são considerados como síndrome gripal ou síndrome respiratória aguda. Somente a avaliação médica determina se o paciente pode ter covid-19. 

Casos que apresentam sintomas da doença causada pelo novo coronavírus são notificados no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) ou no Sistema de Vigilância Epidemiológica (e-SUS VE), disponível no site do DataSUS. Em seguida, a informação do diagnóstico positivo de covid-19 é acrescentada nessas plataformas, somente após realização de testes e confirmação da doença

Os procedimentos foram criados pelo Ministério da Saúde. De fato, o manual do sistema de notificação e-SUS VE não descreve nenhum método como esse compartilhado no áudio. 

LEIA O MANUAL

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Essa alegação falsa consta em publicação que viralizou no Facebook em abril de 2020. O boato também foi divulgado naquele mês em vídeo do YouTube que atualmente tem mais de 60 mil visualizações e 11 mil curtidas. O apresentador do canal usa o áudio da suposta funcionária da UPA para inventar que "o governador [Wilson] Witzel [afastado de seu cargo desde agosto de 2020], agindo no total desespero, manipulou o sistema de saúde para aumentar o número de casos suspeitos de forma exponencial". O áudio voltou a circular em grupos de WhatsApp nesta semana.

Esse boato também foi checado pela Agência Lupa.

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