Circula nas redes sociais uma montagem que supostamente teria sido usada para inflar o número de manifestantes em uma caravana de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar de realmente se tratar de uma foto editada, o ato político retratado foi organizado pelo PSB, na cidade de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, durante as eleições municipais de 2012. Não há relação com Lula, que não disputou cargo público naquele ano.
O contexto da imagem foi descoberto pela agência de checagem Aos Fatos, a partir de pesquisas reversas na plataforma TinEye. Já na própria foto, é possível notar a presença de camisetas e bandeiras vermelhas e amarelas, algumas com o número 40 -- que representa o Partido Socialista Brasileiro (PSB), conforme registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número do Partido dos Trabalhadores (PT) é o 13.
Em um outdoor no canto direito, aparece a foto de Abel Neto (PSB), que concorreu ao cargo de vereador naquelas eleições, com o número 40.000. Essa informação permite concluir que a caminhada aconteceu na cidade pernambucana de Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana de Recife. Além disso, uma cópia não editada e em melhor resolução da foto pode ser encontrada no Facebook de outro candidato a vereador da cidade, Mingo dos Correios (PMN), postada em setembro de 2012.
De acordo com notícia do portal Terra, de 6 de setembro de 2012, o conteúdo manipulado foi compartilhado em material de campanha oficial do candidato a prefeito de Cabo de Santo Agostinho, Vado da Farmácia (PSB). O homem que aparece quatro vezes na mesma foto é o então prefeito da cidade, Lula Cabral, do mesmo partido. Procurada na época, a coordenação de campanha de Vado afirmou que não sabia a origem da montagem. Ele foi eleito com 54,32% dos votos válidos.
O Estadão Verifica identificou vários conteúdos falsos sobre manifestações viralizando nas últimas semanas. Assim como o boato aqui verificado, essas peças costumam tirar fotos de contexto para espalhar desinformação e apoiar ou criticar determinado político. Portanto, desconfie ao receber esse tipo de mensagem. Vale fazer uma busca reversa no Google ou enviar o conteúdo suspeito para checagem pelo nosso WhatsApp: (11) 97683-7490.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.