Disseminadores de boatos promovem falsa checagem sobre protesto contra Bolsonaro

Há uma novidade no universo da desinformação. Além dos conteúdos enganosos e fora de contexto que circulam nas redes, começam a ganhar impulso as supostas "checagens" que apontam montagens e manipulações onde elas não existem. É a falsa verificação de dados.

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Esse conteúdo falsificado procura imitar o formato dos desmentidos feitos por agências de checagem de fatos e outros serviços de verificação que seguem metodologia rigorosa em suas análises. Mas as semelhanças se limitam à aparência: em vez de buscar a verdade, essas publicações procuram fomentar a desinformação.

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Um exemplo dessa nova modalidade pôde ser visto nas últimas horas, quando circularam pelo WhatsApp e pelas redes sociais postagens colocando em dúvida a veracidade das fotografias que ilustraram reportagens sobre o protesto contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) realizado no Largo da Batata neste sábado, 29. Algumas delas foram registradas pela fotógrafa do Estado Gabriela Biló. 

Ao contestar a existência da multidão retratada nas fotos, que lotou o Largo e os arredores, simpatizantes de Bolsonaro acusaram a "mídia podre" de usar imagens que, "na verdade", seriam do carnaval de 2017, quando o local recebeu milhares de foliões. A falsa checagem foi amplamente compartilhada nas redes bolsonaristas, entre elas na página "Bolsonaro Opressor", que tem cerca de 1,2 milhão de seguidores.

O boato ganhou tamanho impulso que, no fim de semana, acabou levando para a lista das reportagens mais lidas do Estadão o texto intitulado "Saiu do nosso controle', diz secretário sobre pré-carnaval em Pinheiros", de 20 de fevereiro de 2017. A reportagem em questão fala da superlotação de foliões no Largo da Batata, na época, e é ilustrada por uma foto do local.

Postagem no Twitter que mostra imagem de 2017 e afirma, de forma inverídica, que ela foi usada para ilustrar reportagem sobre protesto de sábado Foto: Estadão

 

Imagem do Largo da Batata lotado de manifestantes contra o candidato Jair Bolsonaro, no sábado, dia 29 Foto: Estadão

 

Postagem em página de Facebook que tem cerca de 1,2 milhão de seguidores Foto: Estadão

 

As falsas checagens obviamente desconsideraram elementos básicos da realidade ao acusar a suposta manipulação. As únicas semelhanças entre a foto de 2017 e as de agora são o ângulo em que foram feitas e a existência de uma multidão. Os "detalhes" como bandeiras de partidos e movimentos sociais, além do carro de som e das faixas contra Bolsonaro, foram devidamente ignorados. Esse fato, por sinal, foi apontado em comentários nas postagens dos espalhadores de boatos. Bom sinal.

 

 

 

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