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Checamos o debate Estadão/Gazeta/Jovem Pan com os candidatos ao governo de São Paulo

Por Alessandra Monnerat , Caio Sartori , , e Luiz Fernando Toledo
Atualização:
João Doria (PSDB), Professora Lisete (PSOL), Luiz Marinho (PT), Marcelo Cândido (PDT), Márcio França (PSB), Paulo Skaf (MDB) e Rodrigo Tavares (PRTB) participaram no debate eleitoral da TV Gazeta para o governo de SP Foto: Gabriela Biló/ Estadão

Estadão Verifica checou as declarações dos candidatos a governador de São Paulo no debate Estadão/Gazeta/Jovem Pan neste domingo, 16. Com base no grau de veracidade ou ausência de compromisso com os fatos, declarações receberam uma "nota", expressa em uma escala de um a quatro "pinocchios", nos casos em que não foram consideradas totalmente verdadeiras. Para aplicar essa gradação, o Estado se inspirou na sessão Fact Checker do jornal The Washington Post, publicada desde 2007.

O Pinocchio - boneco de madeira cujo nariz cresce quando conta uma mentira, segundo a história infantil criada pelo italiano Carlo Collodi- também recupera capas históricas do antigo Jornal da Tarde, do Grupo Estado, que em 1982 publicou em diversas edições imagens de Paulo Maluf com o nariz dilatado, apontando inverdades do então governador.

 

João Doria (PSDB)

João Doria, candidato ao governo de SP, durante debate eleitoral na TV Gazeta Foto: Werther Santana/ Estadão

"Temos 100% de abastecimento de água no Estado de São Paulo, 75% de tratamento de esgoto."

Majoritariamente verdade

 

De acordo com o instituto Trata Brasil, que coordena estudos sobre o tratamento de esgoto no País, São Paulo tem 62,84% de tratamento de esgoto. O número está acima da média nacional (44,9) e do Sudeste (48,8%) -- informações do instituto Trata Brasil. No entanto, uma reportagem do portal de notícias G1 publicada em 2017 cita a Sabesp ao dizer que 75% são tratados.

Quanto à rede de água, o Trata Brasil aponta para um porcentual de 95,82%. No site da Sabesp, porém, a empresa diz que, desde 1998, "alcançou a universalização da distribuição de água tratada e, gradativamente, aumentou os serviços de coleta e tratamento de esgotos."

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A assessoria do candidato ainda não respondeu ao questionamento da reportagem.

 

"Temos 5 milhões de desempregados e subempregados em São Paulo."

Verdade

 

 

A última pesquisa Pnad Contínua do IBGE, referente ao trimestre de abril a junho deste ano, mostra que 5,7 milhões pessoas no Estado estão "desocupadas ou subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial". Em termos porcentuais, a taxa é de 18,4%.

 

Luiz Marinho (PT)

Candidatos ao governo do estado de São Paulo em debate da TV Gazeta na noite deste domingo (16): Luiz Marinho (PT). FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Estadão

"O Museu do Ipiranga está fechado há quase uma década por falta de manutenção."

Meia verdade

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O Museu do Ipiranga está fechado há cinco anos, desde que apresentou problemas de estrutura e foi interditado para reformas. O prédio tinha rachaduras e umidade. Paredes estavam se desmanchando. Há previsão de que a reabertura seja em 2022, quando a independência do País completará 200 anos.

 

"Você (Doria) ficou um ano e pouquinho (na Prefeitura de São Paulo) e já deu tempo de ser condenado."

Verdade

 

O ex-prefeito tucano foi condenado em agosto por improbidade administrativa e ficou sujeito à suspensão dos direitos políticos por quatro anos. A sentença ocorreu no âmbito de ação em que ele é acusado de suposta "promoção pessoal" com o uso do slogan 'SP Cidade Linda' durante sua gestão na Prefeitura da capital (2017-2018). Por ser de primeiro grau, cabe recurso contra a decisão.

 

Marcelo Candido (PDT)

Ex-filiado ao PT, Marcelo Cândido (PDT) recebeu elogios de Luiz Marinho durante o debate na TV Gazeta entre candidatos a governador de SP Foto: Werther Santana/ Estadão

"Vivemos 24 anos de PSDB. O PT perdeu todas as eleições que disputou com o PSDB."

Verdade

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O PSDB governou São Paulo por pouco menos de 24 anos -- e só saiu agora porque o atual governador, Márcio França (PSB), era vice de Geraldo Alckmin, que teve que sair do cargo oito meses antes do fim do mandato para poder concorrer à Presidência da República. Foram seis vitórias eleitorais consecutivas no Estado, desde Mário Covas, em 1994, até Alckmin, em 2014.

 

Paulo Skaf (MDB)

Candidatos ao governo do estado de São Paulo em debate da TV Gazeta na noite deste domingo (16): Professora Lisete (PSOL). Foto: FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO

"Era proibido pela lei trabalhar em casa."

Majoritariamente falso

 Foto: Estadão

O que a reforma trabalhista fez foi regulamentar o home office, garantindo maior formalização, mas a prática não era proibida. Uma lei de 2011 previa os mesmos direitos da CLT para quem praticava home office, mas não definiu condições para que isso acontecesse. A assessoria de imprensa de Skaf divulgou a seguinte explicação: "A lei de 2011 não regulamentava de maneira completa o home office. Com isso, havia ampla margem para questionamentos sobre o tema na Justiça do Trabalho, produzindo insegurança para as duas partes (tanto empregadores como empregados). A nova lei trabalhista eliminou tal problema".

 

"Em uma hora, quase uma escola é assaltada, 100 pessoas são roubadas ou furtadas, uma mulher ou menor é violentada."

Verdade  

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Dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) mostram que houve 515.595 furtos e303.906 roubos 2017, dados mais atuais disponíveis para todo o ano - cerca de 2,2 mil por dia ou 94 por hora. Para apontar a quantidade de assaltos em escolas, o candidato disse ter se baseado em uma reportagem do SPTV veicula nesta semana, que apontou "mais de 22 ataques por dia" em escolas do Estado de São Paulo, segundo dados da SSP, ou quase uma por hora . A assessoria do candidato diz que ele também se baseou nas estatísticas da SSP para apontar os números de estupros - 3.218 no primeiro trimestre do ano, ou pouco mais de um por hora.

 

Professora Lisete (PSOL)

Professora Lisete, candidata do PSOL ao governo paulista nas eleições 2018, criticou Bolsonaro durante debate eleitoral na TV Gazeta Foto: Werther Santana/ Estadão

"Professor em São Paulo não ganha nem sequer o piso nacional do magistério."

Majoritariamente falso

 Foto: Estadão

O piso salarial dos professores da rede estadual de São Paulo é, na verdade, um pouco maior que o nacional. Enquanto o Ministério da Educação (MEC) determina o mínimo de R$ 2.455,35, o Estado paga R$ 2.585. Apesar de estar um pouco acima do brasileiro, o salário paulista é baixo se comparado a outras unidades da federação. Fica bem longe, por exemplo, dos cinco Estados que mais pagam aos professores: Maranhão (R$ 5.750), Mato Grosso do Sul (R$ 5.390), Mato Grosso (R$ 5.156), Tocantins (R$ 4.236) e Pará (R$ 4.187).

Nota: Depois de publicada a checagem, a assessoria da candidata forneceu dados sobre o piso salarial dos professores do primeiro nível da educação básica, ou seja, do 1º ao 5º ano. Nesse caso, o valor de fato é abaixo do piso: R$ 2.233. Nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, porém, o salário base é superior ao piso nacional. A etiqueta de "falso" foi alterada para "majoritariamente falso". 

 

Rodrigo Tavares (PRTB)

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Rodrigo Tavares, candidato de Jair Bolsonaro para o governo de SP, defendeu o presidenciável do PSL de ataques durante debate para governador na TV Gazeta Foto: Gabriela Biló/ Estadão

"(Eu e Jair Bolsonaro) Não respondemos a nenhum processo, somos ficha limpa."

Meia verdade

 

Não há processos contra Rodrigo Tavares. Já o candidato à Presidência Jair Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em ação penal por injúria e apologia ao crime de estupro. Em 2014, ele declarou que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) porque ela não merecia por ser "muito feia" e não fazer seu "gênero". Outra ação, por racismo, foi rejeitada pela primeira turma do STF no dia 11 de setembro.

 

Márcio França (PSB)

Candidatos ao governo do estado de São Paulo em debate da TV Gazeta na noite deste domingo (16): Márcio França (PSB). Foto: FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO

"Gostaria de lembrar que temos R$ 23 bilhões (de dívidas) em precatórios, esperando há muitos anos."

Verdade

 

Segundo o Quadro Resumo do Estoque de Precatórios do Estado de São Paulo, publicado em abril pelo governo estadual, a dívida total é de R$ 23,6 bilhões. No debate, Márcio França citou o valor de 23 bilhões e acusou João Doria de não saber o tamanho da dívida. Em outro momento, depois de consultar assessores, Doria disse França havia citado um dado errado, já que o valor seria de R$ 22 bilhões. A assessoria de imprensa de Doria disse que a fonte da informação sobre os R$ 22 bilhões é uma reportagem publicada em agosto pelo jornal Folha de S.Paulo na qual o próprio França aparece como fonte.

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"Nos últimos anos tivemos 110 mil casas construídas em São Paulo, 37 mil sendo construídas agora."

Verdade

 

Um texto institucional divulgado pela Secretaria de Habitação em fevereiro deste ano afirma que o número é ainda maior do que o citado por França. Segundo o órgão, mais de 148 mil moradias foram criadas entre 2015 e 2018 pelos programas estaduais, como o CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo e a PPP da Habitação, Casa Paulista e a Parceria Público-Privada de Habitação Popular do Brasil. O investimento nesse período teria sido de R$ 6,9 bilhões.

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