Céu roxo no Canadá é resultado de luzes usadas em estufas de plantio de maconha e outras plantas

Imagens de coloração inusitada na cidade de Leamington foram compartilhadas em publicação no Facebook

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Por Gabi Coelho
Atualização:

Imagens que registram um dia em que o céu ficou roxo na cidade de Leamington, no Canadá, intrigaram internautas. Nos comentários de uma postagem no Facebook com as imagens, alguns dizem ser montagem e outros citam efeitos da poluição. Na realidade, a coloração do céu é resultado das luzes LED, utilizadas em estufas para estimular o crescimento de plantações.

 

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O município de Leamington tem a maior concentração de estufas comerciais em toda a América do Norte. Os principais produtos fabricados nas indústrias da cidade são tomates, pimentas, cannabis, pepinos, rosas e outras flores, com o auxílio de diferentes tipos de lâmpadas de cultivo para produzir durante todo o ano.

Por causa disso, o fenômeno do céu roxo em Leamington não é raro. No Instagram, é possível encontrar outros registros (veja abaixo).

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Na postagem analisada pelo Estadão Verifica, o roxo é mais intenso que os exemplos acima. Na foto que acompanha a publicação, é possível ver uma loja da lanchonete Tim Hortons -- o Google Maps indica que a localização da unidade é bem próxima a uma estufa de cannabis.

Já o vídeo que circula no Facebook foi inicialmente divulgado no

">Twitterpor uma conta que registra imagens de tempestades e de outros acontecimentos naturais. O usuário que publicou o vídeo afirma nos comentários que não editou a gravação e que a luz roxa é de uma estufa de maconha próxima.

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De acordo com a professora Taciana Albuquerque, do departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a cor do céu pode mudar com a presença de poluição do ar e de acordo com a maneira com que ela interage com a luz. "Com a baixa cobertura de nuvens, às luzes de LED vermelhas e azuis da estufa se espalharam pelo céu à noite, criando essa incrível névoa roxa", diz ela.

Em entrevista à emissora canadense CBC, a prefeita de Leamington, Hilda MacDonald, explicou que o município não tem nenhuma regra de emissão de luz até o momento e está tentando encontrar a melhor forma de lidar com a questão, considerando a economia da cidade.

A poluição luminosa pode ter consequências negativas para os humanos, animais e até plantas. Um estudo publicado na revista Nature aponta que a luz artificial pode desorientar as aves migratórias. Já os animais noturnos aproveitam a escuridão para caçar, enquanto as presas noturnas usam a baixa luminosidade para se esconder. A claridade fora de hora pode alterar todo um ecossistema, provocando a extinção de espécies na natureza. Em relação aos humanos, essas luzes podem alterar nosso ritmo circadiano e prejudicar o ciclo de sono.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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