Homem em estúdio da Jovem Pan não é 'censor' do TSE; cena foi um protesto da emissora

Em vídeo do programa Pânico, homem circula entre as mesas e recolhe papeis; ele não é funcionário do Tribunal, nem censor para fiscalizar jornalistas ao vivo

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Por Clarissa Pacheco
Atualização:

É falso que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenha enviado um censor para fiscalizar os jornalistas ao vivo nas transmissões da Jovem Pan. Nesta quarta-feira, 19, a emissora publicou no YouTube um trecho do programa "Pânico" sobre a suspensão pelo TSE de um documentário da produtora Brasil Paralelo a respeito da facada sofrida por Bolsonaro em 2018. Durante parte do "Pânico", um homem usando terno preto circula entre as mesas e recolhe alguns papeis.

Nas redes, viralizou um vídeo em que uma pessoa assiste ao programa e aponta que o homem de terno entre as mesas é um funcionário do TSE enviado para fiscalizar os jornalistas ao vivo e impedir que eles digam cinco palavras especificamente. É mentira. Na verdade, a presença do homem circulando entre as mesas foi um protesto do Pânico contra uma decisão do Tribunal.

 Foto: Estadão

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O vídeo começou a circular depois que o TSE determinou que a Jovem Pan conceda direitos de resposta ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por conta de declarações de comentaristas da emissora considerados ofensivos ao petista. As decisões apontam que a cada reiteração de comentários ofensivos, será cobrada uma multa de R$ 25 mil. Nesta quarta-feira, a Jovem Pan publicou um editorial dizendo que está sob censura do TSE.

Em nota, o Tribunal Superior Eleitoral informou que o homem que aparece nos estúdios da Jovem Pan não é funcionário do TSE, nem dos Tribunais Regionais Eleitorais. O TSE também negou que a Jovem Pan esteja sob censura. "Não é verdade que o trabalho executado pela emissora foi 'censurado' ou que a Justiça Eleitoral tenha enviado qualquer profissional para controlar os conteúdos divulgados pelo veículo de comunicação", informou o TSE. "Assim que tomou conhecimento sobre a acusação de uma suposta censura exercida pela Corte Eleitoral, o presidente do Tribunal, ministro Alexandre de Moraes, encaminhou o caso ao Ministério Público Eleitoral (MPE) para apuração".

A Jovem Pan afirmou que a presença do homem foi um protesto. "Este foi o protesto do Programa Pânico contra a censura sofrida pela Jovem Pan. É um programa de humor que usa de tais instrumentos para manifestar sua posição crítica", disse a emissora em nota.

O que diz a decisão do TSE sobre a Jovem Pan

Segundo a Jovem Pan, o TSE "determinou que alguns fatos não sejam tratados pela Jovem Pan e seus profissionais, seja de modo informativo ou crítico". Para a emissora, "não há outra forma de encarar a questão: a Jovem Pan está, desde a segunda-feira, 17, sob censura instituída pelo Tribunal Superior Eleitoral".

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"Não podemos, em nossa programação -- no rádio, na TV e nas plataformas digitais --, falar sobre os fatos envolvendo a condenação do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. Não importa o contexto, a determinação do Tribunal é para que esses assuntos não sejam tratados na programação jornalística da emissora. Censura", disse o editorial.

Segundo o TSE, o Tribunal atendeu a um pedido da coligação do candidato Lula por direito de resposta. "Ao contrário do que tem sido afirmado nas redes sociais, o TSE atendeu a um pedido feito pela Coligação Brasil da Esperança, que solicitou ao direito de resposta a falas proferidas por apresentadores da emissora sobre o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Como efeito da decisão, o Plenário do Tribunal determinou que os profissionais da rádio se abstivessem de promover novas inserções e manifestações referentes à situação jurídica do político, a quem se referiram como 'descondenado' e 'ex-presidiário'", informou.

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