Boato falso diz que teste para coronavírus nos EUA custa mais de US$ 3 mil

O diagnóstico é fornecido de forma gratuita, mas no país os pacientes podem arcar com custos relacionados, como a consulta médica

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Por Pedro Prata
Atualização:

Um boato falso que circula no Facebook diz que um teste de diagnóstico para o novo coronavírus custa US$ 3.270 nos Estados Unidos. Na verdade, os únicos testes aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora norte-americana, são fornecidos gratuitamente pela Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o departamento estadual de Saúde de Nova York.

"Teste nos EUA para saber se tem o coronavírus 3.270 dólares. Teste no Brasil: de graça", compara a falsa postagem que surgiu a partir da combinação de um boato e uma notícia verdadeira.

Reprodução do boato que circula nas redes sociais. Foto: Reprodução/Facebook

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Reportagem publicada no jornal Miami Herald no dia 24 de fevereiro de 2020 contou a história de Osmel Martinez Azcue. Ele compareceu ao hospital Jackson Memorial depois de desenvolver sintomas semelhantes a uma gripe logo após voltar de uma viagem a trabalho para a China.

Lá ele fez um exame de sangue que diagnosticou gripe em vez do contágio por coronavírus. No entanto, Azcue não tem um bom plano de saúde, e acabou tendo de arcar com os custos do exame de sangue: US$ 3.270.

A matéria repercutiu em outros veículos de comunicação e levantou um debate sobre a precariedade do sistema de saúde norte-americano. Sim, o teste fornecido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças é gratuito. Mas os possíveis custos relacionados, tais como a consulta médica e a internação, não.

O debate levou o governador de Nova York, Andrew Cuomo, a enviar uma diretriz às seguradoras de saúde pedindo que custos relacionados ao teste do coronavírus sejam cobertos. "Não podemos permitir que o custo seja uma barreira para o acesso ao diagnóstico para nenhum nova-iorquino", disse, no Twitter.

Teste no Brasil

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No Brasil, o teste de diagnóstico para o novo coronavírus é realizado de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). Os casos suspeitos são investigados pelas secretarias municipais e depois precisam passar por um teste de confirmação em um laboratório de referência.

O site de fact-checking americano PolitiFact também checou uma versão desse boato.

O teste é feito com amostras de aspiração das vias aéreas ou coleta de secreção da boca e do nariz colhidas nos hospitais. Depois, elas são encaminhadas para laboratórios de referência.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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