Boato falsifica orientações do Procon sobre preço do botijão de gás

Preço do produto varia por Estado e orientação do órgão em São Paulo é denúncia pela internet

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Por Tiago Aguiar e Alessandra Monnerat
Atualização:

Uma imagem com falsas orientações da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) circula no Facebook a respeito do preço do botijão de 13kg do gás de cozinha. Na peça, há dois números de telefone para reclamação na hipótese do produto ser comercializado acima de R$ 65 reais.

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Apesar do preço do botijão não ser tabelado no Brasil, o Código de Defesa do Consumidor estabelece que os Procons fazem parte da estrutura de defesa do consumidor e que portanto, possuem canais para reclamação de preços abusivos. Cada estado possui um Procon autônomo com seus próprios canais de denúncia. O levantamento de preços médios, feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), também é estabelecido por unidade da federação.

Boato sobre botijão de gás. Foto: Reprodução/Facebook

No levantamento mais recente da ANP do botijão de 13kg de gás de cozinha, da semana entre os dias 22 e 28 de março, o menor preço médio foi do Rio de Janeiro, de R$ 62,89 e o maior no Mato Grosso, com média de R$ 98,02. Em São Paulo foi encontrado o valor de R$ 69,27. Veja a tabela a seguir:

Documento

RelatorioSemanalEstadoPDF

São Paulo

Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP, disse ao Estadão Verifica que, apesar de a imagem ser falsa, "qualquer pagamento acima de R$ 75 no Estado o Procon SP considera abusivo". Capez informa que, durante o período de isolamento pelo novo coronavírus, a linha do Procon (pelo número 151) não está operando. No entanto, os canais online, no registro de reclamação o aumento na demanda pelo gás de cozinha tem provocado filas em distribuidoras na região metropolitana de São Paulo. Empresas citam alta repentina na demanda. Apesar disso, Capez reforça que não há por enquanto risco de escassez. "O desabastecimento está sendo plantado por um falso alarde, de estratégia de especuladores de distribuição."

Em 2018, este mesmo boato foi checado pelo Boatos.org.

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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