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Após ser agredido em ato pró-Bolsonaro, fotógrafo do 'Estadão' é alvo de boatos

Postagem no Twitter sugere que Dida Sampaio já havia sido agredido da mesma forma em 2015 e 2016, o que não é verdade

Por Alessandra Monnerat
Atualização:

Depois de ser agredido enquanto cobria a manifestação em apoio ao governo de Jair Bolsonaro em Brasília neste domingo, 3, o fotógrafo do Estado Dida Sampaio passou a ser alvo de boatos compartilhados no Twitter. Uma equipe do jornal foi atacada com chutes, socos e empurrões -- veja as imagens. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Ministério Público do Distrito Federal investigação sobre o caso.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentam impedir o trabalho do repórter fotográfico do Estadão, Dida Sampaio, durante cobertura de uma manifestação pró-governo realizada neste domingo, 3, em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Uma das informações falsas sobre Dida Sampaio foi compartilhada pelo bolsonarista Allan dos Santos. No Twitter, ele divulgou imagem em que sugere que o fotógrafo já havia sido agredido da mesma forma em 2015 e 2016 e dá a entender que há um "método" por parte do profissional da imprensa.

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Na verdade, as matérias de 2016 e de 2015 mostradas na foto não têm qualquer relação com a agressão à equipe do Estadão. A primeira reportagem, "Boletim de ocorrência no Rio de Janeiro pode ser feito agora pelo celular", foi publicada na Agência Brasil e fala sobre um novo aplicativo da Polícia Civil do Rio. O segundo link, "Registros de ocorrência de crimes poderão ser acompanhados online no Rio", também da Agência Brasil, mostra uma ferramenta para acesso de BOs pelo Portal da Transparência.

Nenhum dos dois textos cita Dida Sampaio. O Estadão Verifica fez uma busca no Google usando as palavras-chave mostradas no boato e de fato a frase "no Dia da Liberdade de Imprensa, Dida Sampaio foi agredido" aparece entre os resultados -- a explicação é que a sentença estava entre as manchetes na seção de "Últimas Notícias", no final da página.

Estadão Verifica também entrou em contato com Dida, que disse que a informação sobre agressões em 2015 e 2016 não procede.

A diretoria do Estado publicou uma nota de repúdio à agressão dos profissionais do grupo. Leia abaixo.

'Estadão' condena ataque a profissionais do grupo; leia nota

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A diretoria e os jornalistas de OEstado de S. Paulo repudiam veementemente os atos de violência cometidos hoje contra sua equipe de jornalistas durante uma manifestação diante do Palácio do Planalto em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Trata-se de uma agressão covarde contra o jornal, a imprensa e a democracia. A violência, mesmo vinda da copa e dos porões do poder, nunca nos intimidou. Apenas nos incentiva a prosseguir com as denúncias dos atos de um governo que, eleito em processo democrático , menos de um ano e meio depois dá todos os sinais de que se desvia para o arbítrio e a violência.

Dada a natureza dos acontecimentos deste domingo, esperamos que a apuração penal e civil das agressões seja conduzida por agentes públicos independentes, não vinculados às autoridades federais que, pela ação e pela omissão, se acumpliciam com o processo em curso de sabotagem do regime democrático.

 

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