A convocação de Temer foi feita por telefone ainda na sexta-feira, quando ele recebeu uma cópia do áudio e se reuniu com os ministros Moreira Franco, de Minas e Energia, e Ronaldo Fonseca, da Secretaria Geral da Presidência, além de Pablo Tatim, personagem-chave da história e da equipe de transição para o futuro governo.
Atual secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência, Tatim é também coordenador de assuntos jurídicos da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro e considerado braço-direito do futuro chefe da Casa Civil, Onyz Lorenzoni. Logo, uma ponte importante da transição.
Tatim entrou no alvo do Ministério do Trabalho por ser o maior defensor da extinção da pasta, que há tempos virou feudo do PTB, fonte de negócios políticos e de gula das centrais sindicais. Como resultado, vive às voltas com sucessivos escândalos.
A reação ao fim do ministério, que ainda não foi confirmado, partiu do secretário executivo, Admilson Moreira, que foi quem espalhou o áudio em grupos de WhatsApp. Nesse áudio, há varias acusações de aparelhamento do ministério e planos para infiltrar alguém na transição para neutralizar Tatim e evitar o fim da pasta.
O problema maior é que os ataques a Tatim ganharam outro rumo quando passaram a acusá-lo de envolvimento numa licitação para trabalhos de TI no ministério e, há dois dias, abriram um procedimento interno para investigar gastos de R$ 49 mil de passagens aéreas para ele prestar consultoria à pasta.
Tatim se defende internamente negando ligações ou qualquer interesse com a licitação e alegando que apenas encaminhou à Controladora Geral da União (CGU) um relatório da área técnica do ministério. Quanto aos voos, diz que quem autoriza e compra passagens é o setor específico do ministério e ele não tem nada com isso, nem sabe quanto custam.
O fato é que o Ministério do Trabalho está em chamas e joga um novo personagem não só no cenário político, mas também na fogueira do poder e das vaidades.