Dúbio, Lula elogiou as operações para o combate à corrupção, mas criticou "abusos de autoridade". Disse que "ninguém está acima da lei", mas reclamou da "invasão" à sua casa, quando sofreu condução coercitiva para depor. Gabou-se de ter fortalecido a Polícia Federal e o Ministério Público nos seus governo, mas condenou "a pirotecnia, quando as pessoas são condenadas pelas manchetes de jornal". Por fim, voltou a ironizar as investigações sobre seus filhos: "Dizem que meu filho é dono da Friboi, da Casa Branca, da Torre Eifel..."
Quanto a Dilma: Lula criticou duramente a crise econômica, o desemprego etc..., e chegou a dizer que "as pessoas perderam os sonhos". Parecia líder de oposição, parecia se referir a 13 anos de outro partido, não do PT, parecia esquecer que foi ele quem forçou a eleição de Dilma Rousseff e parecia negar que a crise é resultado direto dos erros e da arrogância da sua pupila.
Ele, aliás, só fez rápidas referências a Dilma Rousseff. Uma, quando disse que Temer não deveria ter mudado tudo, porque o processo no Congresso continua e "Dilma pode voltar". Outra, quando disse que jamais gostaria de ter vivido o dia em que ela foi afastada da Presidência. "Eu disse a ela: ´Você pode ter cometido todos os erros do mundo, mas não o crime pelo qual está sendo acusada. Eles estão cometendo um crime contra você´".
De "todos os erros do mundo", porém, Lula só reconheceu um em Dilma: ela ter sido reeleita com um discurso e depois ter anunciado o ajuste fiscal, ter feito "a política dos adversários". Em nenhum minuto, ele admitiu todos os grandes erros de Dilma durante o primeiro mandato, na economia, na política, na ética. O erro não foi propor o ajuste, foi ter criado todos os desajustes. Aliás, para Lula, a crise econômica é basicamente resultado de uma coisa: as desonerações fiscais, que desequilibraram as contas públicas. Foi pouco mea-culpa para muita culpa.
A entrevista foi para o âncora Geraldo Freire, ao vivo, direto de Petrolina (PE), onde Lula lidera a "Caravana da Democracia", com manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff.