O plano de trabalho original da CPI contava com seis linhas e 19 fatos a serem investigados. Temas nada concêntricos, boa parte foi largada para trás, alguns marcaram presença burocrática e outros se deslocaram, ganharam importância no documento final.
No limite da CPI, a história da transgressão de Bolsonaro na pandemia pode reduzir-se a um relatório articulado em três conjuntos de circunstâncias e três casos paradigmáticos.
Primeiro, esmiuçou-se o negacionismo e o avesso da saúde pública. Aqui, desfilaram o tratamento precoce, a imunidade de rebanho, a oposição a isolamento social e máscaras, a mentira propagada, o chamado gabinete paralelo.
Num segundo bloco, o dos indícios de corrupção, demonstrou-se a tentativa de compra de imunizantes por meio de atravessadores, as falcatruas na área de logística e distribuição de insumos do Ministério da Saúde e os desvios de recursos nos hospitais federais do Rio de Janeiro.
Já a mistura de omissão deliberada com gestão incompetente, determinou o atraso no início da vacinação, a baixa execução orçamentária e a falta de coordenação que obrigou Estados e municípios a se virarem como podiam.
Havia farto material disponível sobre o "apagão" de testes, a falta de respiradores e as evidências sobre mortes evitáveis, entre tantos exemplos descartados. A CPI, ao fim, elegeu três casos para exame mais ou menos consubstanciados: o plano de saúde Prevent Senior, a crise no Estado do Amazonas e o impacto da covid nos povos indígenas.
Da separação de objetos sobrou uma relação reducionista de indiciados. Dos 66 nomes, 23, que não são santos, atuam na saúde: oito ocupantes de cargos federais e, os demais, médicos da Prevent ou frequentadores do Palácio do Planalto, todos na órbita de remédios inúteis, vacina ou fake news. Para decifrar porque o Brasil fracassou no controle da pandemia, ainda falta incluir novos pecados e muito mais pecadores.