Por Eduardo Muylaert*
As redes continuam aumentando o tom das ofensas na semana matadora que terminará com o nocaute de um dos candidatos. A Justiça Eleitoral teve que sair do seu papel minimalista e tentar por um pouco de ordem na baixaria, pois a Lei das Eleições garante a liberdade de expressão mas pune as ofensas, até criminalmente[1].
O efeitoda troca de acusações, ao vivo e em cores, é difícil de avaliar. Parece que aumenta a rejeição aos candidatos e a adesão ao voto nulo, porém o apreço aos contendores não cresce.
O jogo sujo traz emoção ao público, estimula a violência das torcidas organizadas, mas, com certeza, desgasta a ideia de convivência civilizada de contrários que é essencial à democracia.
Poderíamos recorrer ao dicionário para melhorar o nível? Quem sabe atépropor um jogo de palavras cruzadas online?Algumas palavras esquecidas do bicentenário WEBSTER foram ressuscitadas pelo Huffington Post[2] de domingo e podem servir de inspiração.
AFTER-WISE se refere à esperteza tardia, saber exatamente o que você queria ou deveria dizer, depois que passou a oportunidade. Muito comum em brigas de casal. BABBLEMENT é baba, balbucio sem sentido. Já MAFFLE é gaguejar ou tropeçar nas palavras.
DAGGLE-TAIL se aplica a rastejar na lama ou grama molhada, mas é usado para apontar a sujeira na barra das calças. ILLAQUEATION (n.), tem a mesma raiz de ilaquear (enganar) e é usado para pegar ou cair numa armadilha.
RAKESHAME (n.) é um vil pé de chinelo. FOPDOODLE (n.) é vulgar e, portanto, não deve ser usado, mas se refere a um sujeitinho insignificante. Por fim, JACKPUDDING (n.) é o cara que se faz de bobo para os outros rirem.
Você consegue achar alguma dessas coisas nos debates ou nas redes? Que tal tentar uma caça ao tesouro antes que o mal cresça? Nem precisamos do WEBSTER, o AURÉLIO e o HOUAISS estão aí para isso.
"E quem não tem vergonha de ser assim"? A pergunta é de Zélia Duncan, na sua composição Vou Tirar Você do Dicionário. Vamos tirar umas palavrinhas do dicionário e melhorar o nível?