Redação
18 de setembro de 2014 | 14h47
A prática de usar esposas como alternativas eleitoreiras não é recente. Em 2002 Garotinho desistiu de disputar a reeleição para o governo do Rio e preferiu se arriscar em uma candidatura a presidente. Mas deixou sua mulher no seu lugar.
No Brasil temos uma lei que obriga os partidos a comporem as chapas para cargos proporcionais, reservando pelo menos 25% de vagas para mulheres. A fixação da cota feminina tem o objetivo de modificar um padrão historicamente masculino da vida política.
Quando candidatos inelegíveis lançam suas mulheres em seus lugares, reforçam o padrão machista que relega as mulheres a um papel secundário na política. Na linguagem das nossas tradições estes políticos escarnecem da lei e reafirmam o seu espaço de poder. É a identidade deles que prevalece sobre a de suas esposas.
O incrível é que isto tudo esteja acontecendo na mesma eleição em que duas mulheres duelam genuinamente pelo cargo de Presidente da República, mas a questão de gênero não é debatida.
O Brasil é realmente um país de paradoxos.
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