Coluna do Estadão
11 de junho de 2020 | 05h00
Adversários e até aliados de João Doria estranharam a resposta dele a Carla Zambelli, por ter quebrado uma regra básica estabelecida pelo próprio tucano: não “bater boca para baixo”, ou seja, trocar farpas com um adversário que não seja governador, ministro ou presidente (incluindo os “ex” desses cargos). Tudo bem, a deputada federal tem passado dos limites ao insinuar conhecimento sobre os movimentos da Polícia Federal, reconhece um aliado de Doria. Mas alçá-la aos píncaros da glória entre o bolsonarismo pode transparecer certa apreensão.
Veja bem. Não que a gestão Doria tenha algo irregular a esconder, prossegue esse aliado. Por isso mesmo, a resposta do governador só dá fama para Zambelli e alimenta ataques da rede bolsonarista, argumenta.
Gostei. Nem todo mundo pensa assim no entorno de Doria. Muita gente vibrou com o tranco dado na deputada. “Mãe Dinah”, como o governador chamou Zambelli, ficou conhecida pelas bolas foras e charlatanices. “São Paulo não precisa de uma deputada que prefere engraxar as botas do militares e do presidente”, disse o governador. Zambelli rebateu: “Prevejo vida pública enterrada”.
Gostei também. Em reunião com empresários, Doria apresentou o novo Plano São Paulo de flexibilização da quarentena. A recepção dos ouvintes foi boa.
Prioridade. Secretário de Desenvolvimento Regional de SP, Marco Vinholi está atolado em trabalho por causa das ações contra a covid-19. Não bastasse, ele também é o presidente estadual do PSDB e organiza o partido para as eleições. “Por enquanto, foco total na pandemia”, diz ele.
SINAIS PARTICULARES.
Marcos Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo
Relax. Na reunião com André Mendonça e secretários da Segurança, Bolsonaro admitiu que a recriação do ministério da área está sobre a mesa, mas disse ao ministro da Justiça que nenhuma medida será tomada passando por cima dele.
Com calma. Mendonça, por sua vez, repetiu que é preciso realizar um estudo meticuloso antes de qualquer decisão sobre o tema. Ele quer manter como está.
Pires. Os secretários aproveitaram o encontro para pedir a desburocratização nos repasses do Fundo Nacional de Segurança Pública aos Estados, maior interlocução com o governo federal e outras formas de financiamento do setor.
Deu ruim? Ex-aliado de Wilson Witzel diz que o cenário está sombrio para o governador na Alerj: lembra a situação de Dilma Rousseff, que terminaria afastada. Com uma diferença: ela, ao menos, tinha uma tropa de choque de petistas fiéis.
Xi… Já entre aliados do governador circula teoria da conspiração de que o impeachment teria sido articulado pelo próprio partido de Witzel, o PSC. Uma vez que nem com a legenda o ex-juiz se entende bem. O vice-governador, Cláudio Castro, é descrito como um cara mais “tranquilo”.
CLICK. Michelle Bolsonaro tem ensinado Libras por meio de suas redes sociais. A cada dia a primeira-dama posta uma expressão. A última foi: “Deus te abençoe”.
Canudo… Mesmo com o desafio da covid-19, a escola de formação política RenovaBR encerra mais um ciclo: de 700 participantes, 650 chegaram ao fim dos quatro meses de aulas em 31 disciplinas sobre desafios dos municípios, liderança e comunicação.
…na mão. A turma que termina os estudos esta semana foi a com maior número de mulheres: 35%. O número de pretos, pardos e indígenas foi de 42%. Diversidade a ser comemorada.
PRONTO, FALEI!
Aloizio Mercadante, ex-ministro da Educação: “Há um levante na educação contra mais esta agressão autoritária aos valores seculares da liberdade acadêmica e da autonomia universitária. Todas as entidades representativas e comprometidas com a educação pública, ex-ministros e gestores de todos os níveis estão se movimentando para exigir a derrubada dessa medida. Neste momento, ainda será virtual, mas amplo e irrestrito. O que está se acumulando no horizonte é uma grande mobilização da educação, generalizada e radicalizada, para o pós- pandemia”, sobre MP da indicação dos reitores.
COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA.
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