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Bastidores da política e da economia, com Julia Lindner e Gustavo Côrtes

Recolhimento de livro na Bienal reforçou Crivella nas redes sociais

Por Alberto Bombig
Atualização:

Marcelo Crivella, prefeito do Rio. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Análise das redes sociais do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), indica que a estratégia de reforçar a ligação com os evangélicos está surtindo efeito positivo, pelo menos nesse eleitorado. Embora não consiga mudar sua imagem entre a maioria dos eleitores, Crivella consegue ganhar em popularidade digital de todos os demais prefeitos de capital do País.

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É o que mostram os números do monitoramento mensal que a Quaest Consultoria vem fazendo das personalidades políticas. Na semana passada, o prefeito determinou que fossem recolhidos os exemplares de gibis que exibiam um casal homossexual se beijando. Mais do que falar para o eleitor mediano, Crivella busca com isso solidificar sua posição política entre o eleitorado conservador do Rio.

Foram coletadas quase 1 milhão de postagens sobre a decisão de Crivella de recolher os livros da Bienal. Usando inteligência artificial para analisar o conteúdo, constatou-se que 54% da internet é contrária à decisão do prefeito do Rio, 14% é a favor e 32% é neutra. Mas entre os perfis declarados evangélicos, os percentuais mudam: 46% favorável, 29% neutro e 25% contrário.

O atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, eleito em 2018, teve como um dos seus ativos eleitorais a sua ligação com os evangélicos. Embora tenha tentado esconder isso ao longo da campanha, Crivella tem uma ligação pessoal e histórica com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

Ao longo dos dois anos e meio de mandato, Crivella não apostou nessa ligação como estratégia de comunicação. Ao contrário, ele dizia por aí ser um prefeito do Rio de Janeiro, de todos. Este ano, talvez por conta da péssima avaliação do seu governo (77% dos cariocas não aprovam - Pesquisa Quaest de março de 2019), Crivella resolveu apelar explicitamente ao único público em que tem maioria de avaliação positiva entre os diversos segmentos sociais (43% dos evangélicos aprovam sua gestão). Essa estratégia deve estar amparada no fato de que os evangélicos no Rio somam 35% do total do eleitorado, percentual muito maior do que o encontrado na média nacional (25%), ou em cidades como BH (26%) ou São Paulo (23%).

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Em meio à imensa crise em sua administração, Crivella tem adotado posições e declarações cada vez mais polêmicas e em defesa explícita desse eleitorado cativo. Seu objetivo é garantir e consolidar o apoio desse segmento, já que são os eleitores com maior propensão à apoiá-lo em 2020.

O desempenho de Crivella melhorou desde que o monitoramento começou a ser calculado. Em janeiro, ele era um dos prefeitos menos citados nas redes. Hoje, consegue engajar e mobilizar eleitores. Ele tem conseguido esse resultado usando sua relação com as igrejas evangélicas. Postagens como a comemoração do aniversário da IURD e a visita de Jair Bolsonaro ao Templo de Salomão impulsionaram significativamente as redes do Prefeito, em mais uma clara manifestação de aproximação junto à base eleitoral de evangélicos.

Com mais de 2 milhões de seguidores nas redes, Crivella conseguiu mobilizar muito mais gente com essa nova estratégia. Na comparação com o mesmo período do ano passado, ele conseguiu mobilizar duas vezes mais pessoas em agosto de 2019 do que conseguia em 2018. Foram mais de 100 mil reações positivas este ano, frente à 50 mil ano passado. Seu engajamento também cresceu 16%, com comentários positivos às postagens feitas no seu perfil do Facebook. (Alberto Bombig)