O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), ingressou hoje na procuradoria-geral da República com representação criminal pedindo para que seja instaurado procedimento de investigação para apurar "possíveis ilícitos criminais e administrativos" envolvendo o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e a futura primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro.
O pedido tem como base reportagem do Estadão que revelou nesta quinta-feira a existência de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que classifica como "suspeitas" movimentações financeiras do policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz. O PM foi motorista de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, ambos do PSL, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017.
Uma das transações elencadas no documento é um cheque de R$ 24 mil destinado a futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da esposa de Bolsonaro aparece na lista sobre valores pagos pelo PM. "Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função - Michele de Paula firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil", diz o documento do Coaf.
À PGR, o líder petista pede "a abertura de procedimento de investigação específico, com vistas a apurar principalmente a participação do primeiro (Flávio) e da segunda (Michele) representada em possíveis ilícitos criminais e administrativos, tendo em vista que as condutas do terceiro (Fabrício) representado já são objeto de investigação penal".
E ainda: 1) instauração de procedimentos civis e administrativos, com vistas a analisar possível prática de Improbidade Administrativa; 2) solicitação de cooperação junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil, com o objetivo de verificar se a segunda representada (Michelle) declarou ao fisco o recebimento dos valores, de modo a verificar a prática de possíveis crimes tributários e/ou outros ilícitos civis.
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou uma nota na tarde desta quinta-feira, 6, em que confirma a existência do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações atípicas envolvendo profissionais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O documento faz parte da Operação Furna da Onça, que prendeu 10 deputados estaduais do Rio de Janeiro, segundo o MPF, envolvidos em um esquema de pagamento de 'mensalinho'.
COM A PALAVRA, FABRÍCIO JOSÉ CARLOS DE QUEIROZ
Procurado pelo Estado para se manifestar sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão em sua conta, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor parlamentar do deputado Flávio Bolsonaro, respondeu que não sabe "nada sobre o assunto".
COM A PALAVRA, O SENADOR ELEITO FLÁVIO BOLSONARO
A chefia de gabinete de Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo PSL-RJ, afirmou que Queiroz trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista do deputado, "com quem construiu uma relação de amizade e confiança".
A assessoria afirmou ainda que o filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro não tem "informação de qualquer fato que desabone" a conduta do ex-assessor parlamentar.
"No dia 16 de outubro de 2018, a pedido, ele foi exonerado do gabinete para tratar de sua passagem para a inatividade", informou o gabinete, por meio de nota.
COM A PALAVRA, O PRESIDENTE ELEITO JAIR BOLSONARO
Procurada pelo Estado, a assessoria do presidente eleito Jair Bolsonaro não respondeu sobre o assunto, nem sobre o cheque no valor de R$ 24 mil que teria sido destinado a Michelle Bolsonaro. O espaço está aberto para manifestações.
COM A PALAVRA, A FUTURA PRIMEIRA-DAMA MICHELLE BOLSONARO
A futura primeira-dama não foi localizada na quarta-feira, 5. O espaço está aberto para manifestações.
LEIA A ÍNTEGRA DO PEDIDO DO PT:
(Andreza Matais e Naira Trindade)