O pragmatismo que o Centrão impôs a Jair Bolsonaro encontrou uma pedra no caminho: o partido do presidente. Apesar de um inédito acordo unindo o poderoso bloco a Rodrigo Maia e aos interesses do Planalto para votar em plenário a MP que tira o Coaf de Sérgio Moro, o PSL se recusou a matar no peito o mico de pregar em discurso o combate à corrupção e, na prática, virar as costas a Moro. A sigla decidiu por obstruir a votação e agora quer ver o Planalto dividir publicamente a conta do desgaste ou se empenhar de verdade em ajudar o ministro.
Melhor dos cenários. Na articulação do governo, o episódio foi tratado como sendo "do jogo da democracia", mas cada dia a mais de obstrução é um dia a menos para aprovar a MP. Há esperança de fechar um acordo na próxima semana.
Peso-pesado. Sem o PSL, os deputados que defendem o Coaf com Moro, a Funai com Damares e a Integração Nacional como está não chegariam a 30.
Help! Onyx Lorenzoni, Major Vitor Hugo e Maia ligaram para os rebeldes pedindo acordo na votação. Sem sucesso. O ministro disse que é melhor Moro perder o Coaf do que a medida caducar (em 3 de junho).
O Infiltrado. Líderes do Centrão dizem que José Nelto (Podemos-GO) fez jogo duplo: esteve na reunião de ajustes na MP, mas, na hora "H", sua bancada foi contra as mudanças.
Com a palavra. Nelto afirmou que "não fechou nenhum acordo com outros líderes sobre supostos 'ajustes' na MP 870/19". Confirma que esteve em reunião com os demais, mas que disse que iria consultar sua bancada antes. O Podemos fechou questão contra retirar o Coaf do Moro.
CLICK. O bolsonarista e dono da Havan, Luciano Hang, visitou ontem Rodrigo Maia e deu a ele uma camiseta que diz: "O Brasil que queremos só depende de nós".
#tamojuntos. A boa relação de Rodrigo Maia com João Doria despertou a desconfiança entre os políticos de que no horizonte da amizade, para muito além da reforma da Previdência e da agenda econômica, esteja a eleição de 2022. Maia poderia ser um bom vice do tucano, com ou sem fusão dos dois partidos.
SINAIS PARTICULARESOnyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil
De olho. Como ainda não foi publicado o acórdão da decisão do TRF-2 de prender novamente Michel Temer, quem acompanha de perto o STJ lembra que a corte já negou habeas corpus por esse motivo.
E aí. Os desembargadores que votaram pela prisão não levaram o voto escrito e a sessão durou cerca de seis horas. Isso significa que, se o STJ mantiver a jurisprudência, Temer pode ficar preso mais uma ou duas semanas até o TRF-2 transcrever a sessão.
Plano B. Caso isso aconteça, a alternativa da defesa de Temer será recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
Na pauta. O TCU marcou para a próxima semana a análise da legalidade do bônus de eficiência de 23 mil auditores da Receita. O processo analisa, entre outros pontos, o fato de não incidir contribuição previdenciária sobre o valor, incorporado à aposentadoria.
Casa de ferreiro. Após ter enxergado irregularidades no bônus, que pode retirar R$ 3 mil do salário dos auditores fiscais, o TCU está sendo questionado por conta da gratificação aos seus próprios servidores.
Pode? A bonificação no TCU, além de polpuda, também é extensiva aos aposentados. Ou seja, até quem já deixou de trabalhar ganha por meritocracia. Não se trataria de "legalidade", mas de "moralidade", argumentam os auditores.
Com a palavra. O TCU diz, por meio de sua assessoria, que a gratificação tem teto e sobre ele incide contribuição previdenciária.
PRONTO, FALEI!
João Campos, deputado federal (PSB-PE): "No Congresso, hoje há duas minorias: a oposição e o governo", sobre a dificuldade de Jair Bolsonaro construir uma base de sustentação ao seu governo no Congresso.