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Bastidores da política e da economia, com Julia Lindner e Gustavo Côrtes

PF prende presidente do PSDB em Goiás e ex-secretário de Perillo por desvio para campanhas do partido

As ações fazem parte da Operação " Decantação", deflagrada nesta quarta-feira; R$ 4,5 milhões foram desviados de empresa de saneamento do Estado

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Por Fabio Fabrini , Andreza Matais e Fabio Serapião
Atualização:
 

 

A Polícia Federal prendeu temporariamente nesta quarta-feira, 24, o presidente do PSDB em Goiás, Afreni Gonçalves Leite, e outras autoridades ligadas ao governador tucano Marconi Perillo. As medidas fazem parte da Operação Decantação, que investiga desvio de recursos federais na Empresa Saneamento de Goiás (Saneago). A suspeita é de que o esquema tenha abastecido campanhas políticas do partido.

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Também foram alvos de mandados de prisão o diretor-presidente da Saneago, José Taveira Rocha, ex-secretário de Fazenda de Perillo, e mais 13 pessoas, entre funcionários da empresa pública e empresários suspeitos de envolvimento nos desvios.

Conforme a Polícia Federal, um grupo de empreiteiras era favorecido em licitações para obras de saneamento promovidas pela empresa, bancadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e financiamentos da Caixa e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os projetos das obras, elaborados por dois escritórios de consultoria contratados para atuar dentro da Saneago, eram elaborados com regras restritivas, de forma a direcionar os contratos a construtoras que participavam do esquema.

Em apenas duas obras, o Ministério da Transparência, parceiro na investigação, detectou superfaturamento de R$ 4,5 milhões.

Escutas de telefonemas entre os envolvidos levantaram suspeitas de que parte do dinheiro desviado das obras era

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para bancar dívidas de campanhas políticas. Levantamento do Estado mostra que apenas quatro empresas envolvidas doaram oficialmente R$ 2,3 milhões a candidatos do PSDB e ao diretório do partido em Goiás em 2014. A Sanefer, alvo de buscas nesta quarta, contribuiu com R$ 590 mil.

A sede do PSDB no Estado também foi vasculhada. Na casa do presidente da Saneago, foram apreendidos cerca de R$ 100 mil em espécie.

A operação atinge a legenda do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a quem a PF é subordinada, e é considerada pelos investigadores uma "Lava Jato local" por envolver desvio de dinheiro e financiamento de campanhas.

Ao todo, cerca de 300 policiais cumpriram 120 mandados judiciais, sendo 11 de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 21 de condução coercitiva e 67 de busca e apreensão.

As ordens judiciais foram cumpridas em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Formosa, Itumbiara, São Paulo e Florianópolis (SC). Também foi determinado o afastamento da função pública de oito servidores e a proibição de comunicação entre nove envolvidos.

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Os envolvidos responderão por peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa e fraudes em processos licitatórios.

O PSDB em Goiás não se pronunciou nesta quarta-feira. A Saneago não retornou a contato do Estado. Representantes da Sanefer não foram localizados.

O Governo de Goiás alegou que apoia as investigações e que está à disposição das autoridades para esclarecimentos. Em nota, sustentou que "acredita na idoneidade dos diretores e superintendentes da Saneago". "Os procedimentos licitatórios realizados pelos órgãos, autarquias e empresas da administração estadual são pautados pela legalidade e pela transparência", acrescentou.

 

 

 

O organograma do esquema:

 

 
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