"Tão machucados são os partidos de centro...", afirmou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) a uma plateia de empresários em São Paulo. "Tenho muito orgulho quando me chamam de centrão, porque o centrão que eu faço parte não achincalha, não faz o toma lá dá cá".
A fala ocorreu nesta sexta-feira, em um evento do Esfera Brasil, um dia após ter viralizado a reação de Jair Bolsonaro ao ser chamado de "tchuchuca do centrão" na porta do Palácio da Alvorada pelo youtuber Wilker Leão.
Líder maior do centrão na Câmara, grupo que reúne políticos do PP, PL e Republicanos, mas conta com aliados em outras siglas de centro, Lira aproveitou o momento para fazer uma reflexão sobre a conjuntura política.
Antes dele, Dias Toffoli, do STF, havia criticado a Lava Jato sem citá-la pelo nome, dizendo que empresas foram criminalizadas e acabaram falindo, ferindo no conjunto a economia. É uma versão que ganhou adeptos tanto entre petistas quanto entre políticos profissionais, alguns deles alvo da operação liderada pelo ex-juiz Sergio Moro, hoje também convertido em político.
"Pelo centrão existir e eu sempre gosto de colocar todos os partidos de centro nesta alcunha, o Brasil talvez esteja em um caminho diferente do mundo, diferente da Argentina, daquela dicotomia, da irracionalidade, das radicalizações", disse Lira.
Toffoli foi na mesma linha: "Como se o centrão fosse algo pejorativo ou maléfico. Ainda bem que temos um centrão, que distensiona e transita entre os extremos e que não prega ódio nem desavenças", disse.
A previsão do presidente da Câmara é que a eleição deste ano restabelecerá a ordem das coisas em Brasília, com os políticos tradicionais reassumindo o poder, ora entregue a iniciantes e outsiders, no que ele classificou de "renovação circunstancial do Congresso" - não parecia falar de Jair Bolsonaro.
"A política vai voltar a definir os rumos", disse Lira. "Independentemente do presidente eleito, o Congresso estará ali no meio, em detrimento de qualquer coisa, com reformas que iniciaram em legislaturas anteriores, que perduraram nessa e que ficarão para a próxima".
Um indicativo de que, vença quem vença, o centrão seguirá onde está hoje, no miolo do poder.