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Bastidores da política e da economia, com Julia Lindner e Gustavo Côrtes

General da reserva diz que lideranças do Legislativo e Judiciário estão 'desestabilizando' governo para manter privilégios

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Por Marianna Holanda
Atualização:

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: MARCOS CORREA/PR

O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva escreveu um artigo em defesa do presidente Jair Bolsonaro, divulgada neste domingo, 19, em que diz que ele vem tentando "governar com o Legislativo e o Judiciário, mas a resposta de suas lideranças tem sido no sentido de enfraquecer, desmoralizar e mesmo desestabilizar o governo, na esperança de manterem seus privilégios e posições".

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Rocha Paiva, que chegou a duvidar publicamente da tortura sofrida por Dilma Rousseff durante a ditadura, hoje está na Comissão da Anistia. O texto, que circulou no WhatsApp de militares nesta tarde, faz duras críticas a "conhecidos ministros do STF", ao Centrão, ao PSL e até ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A Coluna confirmou com o general a autoria do texto.

Segundo disse, há uma "forte reação às transformações sonhadas" vinda de "conhecidos ministros do STF e de um numeroso grupo político, todos aliados e comprometidos com a velha política", o que ele classificou como "nefasta aliança de vampiros e chacais".

Rocha Paiva pede que Bolsonaro vá publicamente dizer o que parlamentares estão pedindo "em troca de seus votos pútridos" pela aprovação da Reforma da Previdência. Disparou ainda contra o Centrão ("nunca foi um centro democrático"), o DEM e até mesmo o partido do presidente, PSL ("que navegou no capital político de Bolsonaro para chegar ao Congresso Nacional, vêm impondo derrotas ao governo e jogando por terra a esperança de mudanças que a nação exige.")

O texto cita o Rodrigo Maia e Renan Calheiros como exemplos de que os novos políticos não tiveram "coragem de enfrentar". Davi Alcolumbre, presidente do Senado, seria "mais do mesmo", segundo Rocha Paiva. 

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O general da reserva critica ainda Olavo de Carvalho, que vinha disparando contra militares e gerou uma crise no governo entre a ala militar e ideológica. Rocha Paiva disse que ele foi importante, mas é "mais do mesmo de sinal trocado" e que o caminho para unificar o País será pelo centro.

"O senhor está sendo engolido por radicais ditos de direita", disse. "Ser de centro não significa ficar em cima do muro, pois se for necessário defender nossos princípios e valores, iremos para as ruas e, numa escalada de violências, estaremos dispostas a pegar em armas para defender liberdade e justiça".

Por fim, conclama o presidente a liderar manifestações para "exigir" a reforma da Previdência "sem cortes", o pacote anticrime de Moro e a "desideologização do ensino e o desmonte da carapaça marxista que empolga a estrutura do Estado".

O general da reserva foi comandante da Escola de Comando do Estado Maior do Exército e também secretário-geral do Comando do Exército. Neste ano, tornou-se conselheiro da Comissão da Anistia, hoje sob o guarda-chuva do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

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