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Bastidores da política e da economia, com Julia Lindner e Gustavo Côrtes

Fiel é baleado por PM durante discussão política em igreja de Goiânia

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Por Julia Lindner
Atualização:

Um homem foi baleado na quarta-feira (31) em uma igreja da Congregação Cristã no Brasil (CCB), em Goiânia (GO), por um policial militar de folga em meio a uma discussão política entre eles. Davi Augusto de Souza foi atingido na perna pelo cabo Vitor da Silva Lopes, que também frequenta o espaço. Davi passou por uma cirurgia e está internado em estado estável.

O irmão da vítima, Daniel Augusto de Souza, afirmou que a discussão começou após os três discordarem sobre orientações da igreja para as eleições deste ano contra candidatos de esquerda. Segundo ele, Vitor teria iniciado as agressões. Já o policial alegou legítima defesa, foi liberado na delegacia e segue nas funções.

Imagens do culto, que teria continuado após o disparo, feitas pelo irmão da vítima. Foto: Reprodução

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No dia 24 de agosto, Daniel deu uma entrevista ao Diário de Goiás na qual relatava ser alvo de perseguição por não apoiar o presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, ele afirmou que aqueles que não pretendem votar em Bolsonaro são tratados  como "endemoniados" e viram alvo de ofensas.

Dias antes, a Congregação publicou um informe orientando os fiéis a não votarem em candidatos ou partidos que contrariem os preceitos da igreja. De acordo com Daniel, isso teria aumentado a suposta perseguição em função de diferentes interpretações dos pastores em relação ao texto.

"Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos ou proponham a desconstrução das famílias no modelo instruído na palavra de Deus, isto é, casamento entre homem e mulher", dizia trecho do informe, divulgado em 11 de agosto.

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Nas últimas semanas, a igreja, que se apresenta como apolítica, ampliou discursos sobre política nos cultos. Em alguns deles, divulgados em redes sociais, é possível ver pastores falando que os fiéis não devem votar "em partidos comunistas" e em partidos que usem a cor vermelha ao falar das eleições.

De acordo com a PM-GO, "assim que a Polícia Militar tomou conhecimento do caso, determinou a instauração de procedimento administrativo disciplinar para apurar as circunstancias do fato".

"Informamos ainda, que o policial militar apresentou de forma espontânea na delegacia de polícia civil para os procedimentos cabíveis", disse a PM, no texto.

Já a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) afirmou que "os fatos narrados por ambas as partes já estão sendo devidamente investigados".

O governo de Goiás acrescentou, depois, que o servidor não foi afastado, e sim "transferido de unidade para que, no decorrer das investigações, esteja fora da área circunscricional da ocorrência".

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No boletim de ocorrência, não há menção da razão que teria motivado a discussão. O documento diz que o atirador efetuou o disparo para se desvencilhar da vítima após os dois entrarem em luta corporal. A versão da família da vítima não consta no boletim.

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