O adiamento da análise da reforma da Previdência e a consequente ameaça de votação no segundo semestre ganharam contornos mais preocupantes diante da queda da aprovação de Jair Bolsonaro. Mesmo com as trapalhadas, o presidente foi responsável por colocar gente nas ruas pedindo pelas mudanças na aposentadoria e acaba por emprestar parte da sua popularidade à reforma. Há receio entre líderes políticos e no mercado de que, ficando para depois do recesso, eventual ampliação do desgaste de Bolsonaro contamine também a Nova Previdência.
Consenso. Marcelo Ramos (PL-AM), presidente da Comissão Especial, preocupa-se com o recado que fica. "Vamos passar uma mensagem ruim se deixarmos para o segundo semestre, mas farei o que for decisão da maioria dos líderes."
Agenda. No mercado, a ansiedade é pela aprovação antes da reunião do Copom de 31 de julho, quando se espera que o colegiado possa baixar a taxa de juros.
Otimista. O secretário Rogério Marinho acredita que a pauta já independe de Bolsonaro. "O presidente teve a coragem de apresentar o tema ao Congresso, mas ele já foi incorporado pela sociedade."
Paralelo. As mudanças na CSLL devem sair do relatório de Samuel Moreira e entrar em projeto de lei. Há o entendimento de que não se pode constitucionalizar uma alíquota.
Intercâmbio. Preso em Sevilha, o militar pego com cocaína no avião presidencial só deve ser extraditado para o País em três meses. É o prazo estimado para concluir-se o inquérito brasileiro e a Justiça Militar pedir a transferência
Importado. Em jantar na casa do senador Marcos do Val, Sérgio Moro contou que pretende empregar a partir do próximo mês na fronteira do Paraguai o modelo americano de unificação das polícias de combate ao tráfico de drogas.
O pior já passou. A versão de integrantes da inteligência do governo dá conta de que já se esgotou o arsenal do The Intercept contra Moro. Os próximos capítulos seriam sobre conversas entre Deltan Dallagnol e outros procuradores.
Melhor um na mão... Mesmo com o avanço das investigações sobre candidaturas laranjas em Minas, a bancada do PSL insistirá na defesa de Marcelo Álvaro Antônio. Não querem desgastar o único representante na Esplanada, por receio de ficarem sem nenhum.
Ganhando tempo. O governo manobrou para adiar para 17 de julho a votação na Comissão de Viação e Transportes da Câmara do projeto que retoma a gratuidade da bagagem nos aviões. Quer aproveitar o prazo para reverter os votos contrários à cobrança.
CLICK. A secretária de Desenvolvimento Social de SP, Célia Parnes, visitou assentamentos rurais em Porto Feliz. Lá agricultores produzem, por exemplo, berinjela.
Os políticos. Os três decretos de armas publicados esta semana contavam apenas com a assinatura da Presidência da República e da Casa Civil, que costurou o acordo com o Congresso.
Ligeirinho. No decreto de maio, o parecer da Defesa saiu às 19h11, 3 horas depois da solenidade no Planalto.
Corda bamba. Auxiliares palacianos de Jair Bolsonaro andam se queixando de que o secretário do PPI, Adalberto Vasconcelos, não presta contas das ações da secretaria aos ministros envolvidos no programa.
PRONTO, FALEI!
Eliziane Gama, líder do Cidadania no Senado: "Não podemos criar uma colcha de retalhos na Previdência. Se isso ocorrer no texto da Câmara, o Senado terá que mexer", sobre a entrada dos Estados na PEC
COM JULIANA BRAGA (editora interina) E REPORTAGEM DE MARIANNA HOLANDA. COLABOROU RAFAEL MORAES MOURA
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