Andreza Matais
19 de outubro de 2016 | 14h25
O deputado cassado Eduardo Cunha dizia não ter medo de ser preso, quando perguntado sobre o avanço das investigações da Lava Jato na sua direção. Justificava que a falta de preocupação decorria do seu entendimento de que não havia nada de ilegal contra ele.
Em entrevista à repórter Vera Rosa, do Estadão, em setembro deste ano, ao ser perguntado diretamente sobre isso ele respondeu: “Medo? Nenhum. Não há provas contra mim. Só se for uma motivação de natureza política. Não se pediu prisão na denúncia apresentada contra o Lula. Por que fariam em relação a mim?”
Em entrevista anterior, para a Coluna do Estadão, já afirmara: “Tentam me transformar como chefe do Petrolão, isso é risível. Não tem prova concreta de participação minha em atos de corrupção, apesar de abrirem toda hora investigação. É fácil alguém chegar e dizer que eu entreguei dinheiro vivo na mão de fulano de tal, e qual é a prova disso?”
Esse, contudo, era o discurso oficial. Durante todo o processo de cassação do seu mandato, Cunha dizia a parlamentares que se hoje era ele, amanhã os demais poderiam estar na mira dos investigadores da Lava Jato. Esparramar o medo não funcionou e ele foi cassado com maioria dos votos no dia 12 de setembro. O que colocou um ponto final no poder que Cunha teve no Congresso, quando chegou a controlar uma bancada de mais de cem deputados.
Da mesma forma que negava ter medo de ser preso, Cunha usava o mesmo raciocínio para dizer que não faria delação premiada. Mas investigadores da Lava Jato avaliam que ele pode vir a falar para preservar a Claudia Cruz e a filha, Danielle, também investigadas na operação mais barulhenta do País.
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