Nos bastidores, membros da campanha de Lula admitem que não pretendiam apresentar novas propostas econômicas ao divulgar a "Carta do Amanhã". O objetivo, segundo petistas, era transmitir a ideia de que Lula é capaz de articular um plano de governo, enquanto o rival Jair Bolsonaro (PL) se mostra enredado em polêmicas, como a prisão de Roberto Jefferson e a suposta fraude em rádios. O documento foi elaborado pelo time da Fundação Perseu Abramo, comandado pelo ex-ministro Aloizio Mercadante. Apesar da frustração do mercado, que esperava mais substância, ele diz que há planos prontos para eventual governo Lula, mas prefere não divulgá-los. "Não podemos fazer promessas sem saber em que condições vamos assumir."
IMPRESSO. Com 13 pontos, o documento soou raso em termos econômicos e colocou no papel propostas polêmicas até dentro do PT, como a isenção do IR até R$ 5.000 - a avaliação é a de que a medida é cara e pode ajudar mais os ricos do que os pobres.
FONTE. O ex-ministro Henrique Meirelles, que apoia Lula e esteve em ato do petista na última segunda (24), afirma que as promessas do candidato cabem no Orçamento, desde que seja executada a reforma administrativa (reduzindo despesas) e sejam revistos benefícios tributários "que subsistem por força de inércia e lobby".
NÃO AÍ. Já a reforma tributária, diz Meirelles, o consenso é o de que ela será neutra - ou seja, não vai arrecadar mais para tapar o buraco das despesas eleitoreiras de Bolsonaro. Ainda assim, diz o ex-ministro, o teto de gastos deveria subsistir após suspensão de um ano.
CLICK. Michelle Bolsonaro, primeira-dama
Fez campanha em Porto Seguro (BA), nesta quarta (26), com Padre Kelmon, principal aliado de Roberto Jefferson, de quem Bolsonaro tenta se distanciar até a eleição.