Na campanha mais antecipada desde a redemocratização, cresceu entre políticos e analistas a percepção de que Ciro Gomes (PDT) encaixou boa bola ao radicalizar o discurso de defesa da democracia e romper com a farsa da "frente de esquerda" enquanto se coloca como mais uma vítima do "fanatismo" petista. O eterno presidenciável notou que as feridas da eleição ainda estão abertas e resolveu cutucá-las, atacando Lula e forçando a polarização com Jair Bolsonaro. O PT se viu obrigado a despertar do transe do "Lula Livre". Ciro voltou ao jogo.
Pagão. Segundo analistas, é cedo para dizer se a estratégia de Ciro dará certo, mas é consenso que ele chacoalhou o limoeiro da centro-esquerda ao não se ajoelhar no altar da seita que tem Lula como deus.
Eita. À BBC Brasil, Ciro, sobre o PT, afirmou: "Até quando eu vou ter que engolir (...) que essa gente se aproprie do país, roube feito um condenado, se acostume com a vida e as frivolidades da burguesia?".
Mais... Na outra ponta do espectro eleitoral, as duras críticas de João Amôedo (Novo) ao combate à corrupção no governo federal aumentam o isolamento político do bolsonarismo rumo ao seu núcleo original: a família do presidente, militares e ultrareligiosos.
...um. Parcela considerável do Novo quer distância do presidente, mas ainda há no partido parlamentares seduzidos pelo radicalismo de Bolsonaro no embate diário com a esquerda.
CLICK. O secretário da Fazenda de SP, Henrique Meirelles, recebeu do deputado estadual Ricardo Mellão (Novo) o projeto dele da Lei de Responsabilidade Fiscal paulista.
Uma proposta... No Congresso há clima favorável para a desoneração da folha de pagamento das empresas. No Senado, está em análise a redução gradual da alíquota para próximo de 13% ou 14%, com a compensação de menos de 2% no IVA ( a ser criado).
... para chamar... Na Câmara, a cúpula considera a desoneração parcial como alternativa. Estudos se transformaram na emenda 44, que reduz a entre 11% e 15%, a depender do salário e do tamanho da empresa.
...de minha. O argumento é que, nesse patamar, a arrecadação federal permaneceria estável porque incentivaria a inclusão de empregados no mercado formal.
Bem bolado. O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), tem duas relatorias de peso nas mãos. Além da indicação de Augusto Aras para a PGR, está com o nome de Lenisa Prado para o Cade. A advogada é afilhada de Flávio Bolsonaro.
Azeitado. A relatoria de Alexandre Cordeiro, atual superintendente, está com Daniella Ribeiro (PP-PB). Ele é ligado ao PP. Os demais relatores do Cade são: Fernando Bezerra (MDB-PE), Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Carlos Viana (PSD-MG).
PRONTO, FALEI!
Elena Landau, economista: "A questão não é se você gosta do Chico ou não, se ele apoia PT ou Lula, a questão é a censura", sobre censura do filme de Chico Buarque pelo Itamaraty no Uruguai.
COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, JULIANA BRAGA E MARIANNA HOLANDA