Conversei com um candidato que encasquetou com a ideia de fazer um total de votos alto, mas que não garantia automaticamente sua eleição - dependeria da votação do restante da chapa. Para atingir esse patamar, o meu colega de sigla já vendeu seu veículo e cogita se desfazer de outros bens.
Rebati dizendo que as grandes campanhas (em legendas maiores) estão gastando muito mais de R$ 100 mil - e que ele poderia estar rasgando dinheiro com esse "investimento". O candidato não se abalou: "O segredo é saber como gastar." Na conta dele, cada voto sairia pouco menos de R$ 1.
Outro colega de partido tem apelado a parentes e amigos. "Mil de um, quinhentos de outro, uma coisinha aqui, outra ali", explicou ele. Mais do que a promessa de pagar a dívida, o nobre candidato também tem acenado para a possibilidade de um futuro cargo no suposto gabinete ou possíveis ajudinhas pontuais. "Quem me ajuda sabe que vai estar junto comigo. Uma mão lava a outra", diz.
Mesmo entre candidatos sem muita expressividade, o toma lá, da cá aparece como cultura assimilada. Como algo absolutamente normal.
Ao ser perguntado sobre quanto eu disporia, em termos financeiros, para realizar essa campanha, respondi de bate-pronto:
"Só a simpatia". Ninguém achou graça.