Gilberto Amendola
23 de agosto de 2012 | 19h38
Uma das primeiras pessoas (eu disse pessoas, não jornalistas) que me reconheceram no horário eleitoral gratuito foi um dono de bar.
Não me surpreende.
O bar fica perto de casa. Eu costumo visitá-lo com uma certa frequência cristã. Portanto, o dono desse estabelecimento já me viu triste, já me viu alegre, muito alegre, perigosamente alegre e, provavelmente, interpretando a sequência final de Casablanca – tendo um copo de caipirinha no papel de capitão Louis Renault (“Louie, acho que este é o começo de uma bela amizade…”).
Só nunca imaginou que me veria travestido de candidato a vereador na televisão:
– ****, acho que te vi no horário gratuito do **** ? Ou eu tava bêbado ainda?
Como seria impossível negar, contei a verdade e expliquei a natureza da minha candidatura. Pedi segredo e roguei para que ele não caísse na tentação de desperdiçar o seu voto comigo.
– Ah, que alívio!! Achei que ainda tava muito doido, rsrsrs. Legal! – disse o dono do bar.
O reconhecimento repentino me fez pensar em como será minha vida boêmia a partir de agora. Será que nunca mais vou tomar um cervejinha em paz? Será que perdi o respeito dos garçons? Será que nunca mais vai rolar uma paquera de mesa de bar? Será que a política colocou água no meu chope?
Acho que eu quero minha vida de volta!
Amanhã: Candidato Acidental conta como escolheu e se filiou ao partido.
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