Karla Santa Cruz Coelho é Líder MLG, médica, Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Campus Macaé e Ex-Diretora da Agência Nacional de Saúde Suplementar
22 de junho de 2022 | 10h00
Muitos se perguntam, quando será mesmo que a pandemia da Covid-19 vai acabar? Infelizmente, não temos essa resposta, agora em junho de 2022, estamos com casos crescentes da doença no Brasil e em várias partes do mundo.
Os profissionais de saúde estão agora, justamente, criando fluxos de atendimento locais para os sintomáticos gripais, visto que, estamos com uma nova onda de casos. Infelizmente, vemos que muitos jovens com sintomas não estão indo fazer os exames, testes rápidos, RT-PCR para Covid-19 ou mesmo o autoteste nas farmácias que estão disponíveis desde fevereiro de 2022, o que torna toda a situação muito preocupante.
A questão do autoteste se torna um agravante nesse contexto, pois a notificação é dificultada quando os pacientes fazem seus próprios domicílios e o novo caso não chega às autoridades públicas, ocasionando a perda de dados e a consequente subnotificação.
Nunca tivemos tantas dificuldades com os dados da pandemia como agora.
No Brasil, no dia 16 de junho de 2022, a média diária é de 31 mil novos casos de Covid-19. Enquanto em abril, os valores eram de 12 mil por dia. O Painel Covid-19 aponta que no Brasil há quase 700 mil vítimas, ou seja, 10% dos óbitos no planeta. Enquanto o Brasil tem 3% da população mundial e quase 10% dos óbitos mundiais.
Entre os motivos que podem ter influenciado o crescimento dos novos casos, está o abandono de todas as medidas preventivas, a chegada do inverno e a cobertura vacinal insuficiente.
Em relação aos óbitos temos a subnotificação da síndrome respiratória aguda grave, chamada de SRAG, que ainda precisa ser investigada mesmo após o óbito.
Uma das explicações desta quarta onda é a presença de novas variantes, como a Omicron, de alta transmissibilidade no território brasileiro.
Precisamos manter a vigilância em saúde e o monitoramento dos casos. A prevenção cada vez é mais importante com o uso de máscaras em todos os lugares, abertos ou fechados, uso de álcool gel ou lavagem das mãos e isolamento dos sintomáticos.
Sobre a vacinação, estamos em plena campanha de vacinação para gripe e percebendo que mais de um milhão de pessoas não foram tomar a terceira dose contra a Covid-19. Percebe-se que muitos brasileiros estão sem as doses de reforço. E no dia 03/06/22, a cidade do Rio de Janeiro iniciou a quarta dose de para pessoas acima de 50 anos.
A despeito da falta de gestão da política pública federal, por exemplo, sem uma orientação norteadora para o país, as cidades estão se organizando para enfrentamento da pandemia. Retomando o Programa Nacional de Imunização – PNI, referência histórica mundial de sucesso no combate às epidemias há mais de 50 anos.
Precisamos pensar o planejamento das ações de enfrentamento da pandemia onde todos planejam e governam, pois ainda iremos conviver por muito tempo com a Covid-19.
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