Os ataques desferidos contra o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, são um exemplo emblemático de como funciona a "máquina" de destruição de reputação dos "bolsolavistas" nas redes sociais, tema de reportagem publicada recentemente pelo Estadão.
O próprio Santos Cruz afirmou, segundo o Globo, tratar-se de uma "ação coordenada" e não um ato espontâneo, com a participação de Carlos e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente, do chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, e de assessores presidenciais ligados a Olavo de Carvalho, além do próprio escritor, que deu a senha para o linchamento virtual do general em críticas feitas a ele nas redes.
Até o presidente engrossou o coro dos descontentes em sua conta no Twitter, ao desautorizar Santos Cruz por ter criticado o uso das redes por "radicais" e defendido a necessidade de se "aprimorar" a legislação sobre a questão no País, em claro recado às "milícias" virtuais que apoiam Bolsonaro e passaram a golpear em massa o ministro e outros militares do governo nas últimas semanas.
O real motivo para o descontentamento com Santos Cruz, porém, tem pouco a ver com a defesa "apaixonada" da liberdade de expressão pelos bolsolavistas. Na verdade, o que está por trás da ira da ala mais ideológica dos apoiadores de Bolsonaro contra Santos Cruz é a determinação do ministro em manter fechada a torneira dos gastos publicitários, particularmente para os chamados "blogueiros amigos", uma categoria que inclui youtubers e outros "influenciadores" digitais, sedentos pelo dinheiro oficial para reforçar a musculatura.
Como se sabe, tanto Carlos como Eduardo Bolsonaro defendem o uso da rede bolsonarista na internet contra o que consideram como "perseguição" da mídia tradicional ao presidente. Olavo também já disse nas redes que gostaria de ter um "patrocínio" para oferecer gratuitamente o seu curso online de filosofia.
Ironicamente, foi nos governos do PT que a prática de liberar milhões de reais em recursos públicos, para financiar veículos chapa-branca na internet, foi levada ao limite, tornando-se alvo de críticas generalizadas na época, inclusive por parte de bolsonaristas e olavistas. Mas agora, com Bolsonaro no poder, a ala mais radical de seus apoiadores, amparada por Carlos e Eduardo, quer seguir a mesma estratégia.
No momento, ainda não há uma definição sobre a questão. Se forem confirmadas as notícias de que o presidente poderá tirar a Secretaria de Comunicação (Secom) da esfera de Santos Cruz, o País deverá reviver os tempos do PT na comunicação oficial, com sinal trocado.