O outro lado da notícia

'Fritura' de Guedes segue roteiro vivido por Moro


Ao que tudo indica, a agenda liberal está ficando para trás, como aconteceu com a agenda anticorrupção do ex-ministro da Justiça

Por José Fucs
 Foto: Dida Sampaio/Estadão

A entrevista coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira, 11, sobre as saídas de Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, e Paulo Uebel, secretário especial de Desburocratização e Gestão e Governo Digital, confirmou o que muitos analistas já apontavam há tempos. Ficou evidente, para quem ainda tinha alguma dúvida, que o principal responsável pela falta de tração na privatização e na reforma administrativa,  pilares da chamada reforma do Estado proposta por Guedes desde a campanha eleitoral, é o próprio presidente Jair Bolsonaro, apesar de suas juras de lealdade ao ministro e de amor eterno por suas ideias liberais.

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Pela primeira vez desde o anúncio de sua aliança com Bolsonaro, no fim de 2017, Guedes deixou de lado a postura adotada até agora, de tentar colocar "panos quentes" nas rasteiras levadas do presidente, e pôs as cartas na mesa. Sem meias palavras, ele escancarou a resistência do Palácio do Planalto e do círculo político mais próximo de Bolsonaro (e também dos núcleos militar e ideológico) à liberalização da economia.

"Um está reclamando que está indo devagar e o outro está dizendo'vai no ritmo que eu quiser, eu sou o presidente, eu que tive o voto. Se você quiser, você sai'", afirmou Guedes, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, num trecho da entrevista pouco divulgado pela mídia, embora seja, talvez, o mais revelador de como sua agenda econômica é tratada pelo presidente nos bastidores.

"Casamento" Para justificar seu "casamento" com Bolsonaro, Guedes construiu toda uma teoria, baseada na aliança dos liberais com os conservadores, acreditando na conversão do então candidato à Presidência às teses da Escola de Chicago com as quais ele se identifica. Mas, como já ficara subentendido na reforma da Previdência, quando Bolsonaro atuou para manter os privilégios dos militares e de outras categorias ligadas ao aparato de segurança do Estado, sua súbita adesão ao liberalismo parece não ter passado mesmo de uma tacada eleitoral, destinada a reduzir a resistência do capital à sua candidatura e a abrir caminho para que a direita democrática acabasse por aderir a ela.

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LEIA TAMBÉMQuando Bolsonaro e as esquerdas falam a mesma língua'Eu sou duro na queda', diz GuedesA reforma tributária, a CPMF e as fake news 'do bem'

Ao que tudo indica, a agenda liberal de Guedes está seguindo o mesmo caminho da agenda anticorrupção do ex-ministro Sérgio Moro. Com Bolsonaro no leme, está cada vez mais claro que não será neste governo que as duas agendas, essenciais para a sua eleição, vão seguir adiante. Pelo que se pode observar, Guedes está passando por um processo de "fritura" semelhante ao que viveu Moro. A diferença é que a "fritura" de Moro se deu porque a pauta anticorrupção ia contra desejo de Bolsonaro de livrar seu filho Flávio das garras da Polícia Federal e da Justiça. A de Guedes é porque a privatização e as reformas vão contra o corporativismo histórico do presidente, que talvez o ministro tenha minimizado, e de seu desejo de abrir os cofres públicos para evitar um processo de impeachment e turbinar o apoio à sua reeleição.

Como no caso de Moro, uma eventual saída de Guedes, que é uma espécie de avalista do governo junto ao mercado financeiro e à ala mais liberal do empresariado, deverá causar uma tremenda turbulência. Assim como ocorreu com Moro, ele também se tornou alvo das demonstrações de poder do presidente, diante de sua insistência em implementar a agenda que o levou ao governo. Caso a saída de Guedes se confirme, porém, seu impacto no Brasil real promete ser bem mais explosivo, num momento fundamental para a retomada economia e para a definição das expectativas dos analistas e dos agentes econômicos em relação às combalidas finanças públicas do País.

 Foto: Dida Sampaio/Estadão

A entrevista coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira, 11, sobre as saídas de Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, e Paulo Uebel, secretário especial de Desburocratização e Gestão e Governo Digital, confirmou o que muitos analistas já apontavam há tempos. Ficou evidente, para quem ainda tinha alguma dúvida, que o principal responsável pela falta de tração na privatização e na reforma administrativa,  pilares da chamada reforma do Estado proposta por Guedes desde a campanha eleitoral, é o próprio presidente Jair Bolsonaro, apesar de suas juras de lealdade ao ministro e de amor eterno por suas ideias liberais.

Pela primeira vez desde o anúncio de sua aliança com Bolsonaro, no fim de 2017, Guedes deixou de lado a postura adotada até agora, de tentar colocar "panos quentes" nas rasteiras levadas do presidente, e pôs as cartas na mesa. Sem meias palavras, ele escancarou a resistência do Palácio do Planalto e do círculo político mais próximo de Bolsonaro (e também dos núcleos militar e ideológico) à liberalização da economia.

"Um está reclamando que está indo devagar e o outro está dizendo'vai no ritmo que eu quiser, eu sou o presidente, eu que tive o voto. Se você quiser, você sai'", afirmou Guedes, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, num trecho da entrevista pouco divulgado pela mídia, embora seja, talvez, o mais revelador de como sua agenda econômica é tratada pelo presidente nos bastidores.

"Casamento" Para justificar seu "casamento" com Bolsonaro, Guedes construiu toda uma teoria, baseada na aliança dos liberais com os conservadores, acreditando na conversão do então candidato à Presidência às teses da Escola de Chicago com as quais ele se identifica. Mas, como já ficara subentendido na reforma da Previdência, quando Bolsonaro atuou para manter os privilégios dos militares e de outras categorias ligadas ao aparato de segurança do Estado, sua súbita adesão ao liberalismo parece não ter passado mesmo de uma tacada eleitoral, destinada a reduzir a resistência do capital à sua candidatura e a abrir caminho para que a direita democrática acabasse por aderir a ela.

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Ao que tudo indica, a agenda liberal de Guedes está seguindo o mesmo caminho da agenda anticorrupção do ex-ministro Sérgio Moro. Com Bolsonaro no leme, está cada vez mais claro que não será neste governo que as duas agendas, essenciais para a sua eleição, vão seguir adiante. Pelo que se pode observar, Guedes está passando por um processo de "fritura" semelhante ao que viveu Moro. A diferença é que a "fritura" de Moro se deu porque a pauta anticorrupção ia contra desejo de Bolsonaro de livrar seu filho Flávio das garras da Polícia Federal e da Justiça. A de Guedes é porque a privatização e as reformas vão contra o corporativismo histórico do presidente, que talvez o ministro tenha minimizado, e de seu desejo de abrir os cofres públicos para evitar um processo de impeachment e turbinar o apoio à sua reeleição.

Como no caso de Moro, uma eventual saída de Guedes, que é uma espécie de avalista do governo junto ao mercado financeiro e à ala mais liberal do empresariado, deverá causar uma tremenda turbulência. Assim como ocorreu com Moro, ele também se tornou alvo das demonstrações de poder do presidente, diante de sua insistência em implementar a agenda que o levou ao governo. Caso a saída de Guedes se confirme, porém, seu impacto no Brasil real promete ser bem mais explosivo, num momento fundamental para a retomada economia e para a definição das expectativas dos analistas e dos agentes econômicos em relação às combalidas finanças públicas do País.

 Foto: Dida Sampaio/Estadão

A entrevista coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira, 11, sobre as saídas de Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, e Paulo Uebel, secretário especial de Desburocratização e Gestão e Governo Digital, confirmou o que muitos analistas já apontavam há tempos. Ficou evidente, para quem ainda tinha alguma dúvida, que o principal responsável pela falta de tração na privatização e na reforma administrativa,  pilares da chamada reforma do Estado proposta por Guedes desde a campanha eleitoral, é o próprio presidente Jair Bolsonaro, apesar de suas juras de lealdade ao ministro e de amor eterno por suas ideias liberais.

Pela primeira vez desde o anúncio de sua aliança com Bolsonaro, no fim de 2017, Guedes deixou de lado a postura adotada até agora, de tentar colocar "panos quentes" nas rasteiras levadas do presidente, e pôs as cartas na mesa. Sem meias palavras, ele escancarou a resistência do Palácio do Planalto e do círculo político mais próximo de Bolsonaro (e também dos núcleos militar e ideológico) à liberalização da economia.

"Um está reclamando que está indo devagar e o outro está dizendo'vai no ritmo que eu quiser, eu sou o presidente, eu que tive o voto. Se você quiser, você sai'", afirmou Guedes, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, num trecho da entrevista pouco divulgado pela mídia, embora seja, talvez, o mais revelador de como sua agenda econômica é tratada pelo presidente nos bastidores.

"Casamento" Para justificar seu "casamento" com Bolsonaro, Guedes construiu toda uma teoria, baseada na aliança dos liberais com os conservadores, acreditando na conversão do então candidato à Presidência às teses da Escola de Chicago com as quais ele se identifica. Mas, como já ficara subentendido na reforma da Previdência, quando Bolsonaro atuou para manter os privilégios dos militares e de outras categorias ligadas ao aparato de segurança do Estado, sua súbita adesão ao liberalismo parece não ter passado mesmo de uma tacada eleitoral, destinada a reduzir a resistência do capital à sua candidatura e a abrir caminho para que a direita democrática acabasse por aderir a ela.

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Ao que tudo indica, a agenda liberal de Guedes está seguindo o mesmo caminho da agenda anticorrupção do ex-ministro Sérgio Moro. Com Bolsonaro no leme, está cada vez mais claro que não será neste governo que as duas agendas, essenciais para a sua eleição, vão seguir adiante. Pelo que se pode observar, Guedes está passando por um processo de "fritura" semelhante ao que viveu Moro. A diferença é que a "fritura" de Moro se deu porque a pauta anticorrupção ia contra desejo de Bolsonaro de livrar seu filho Flávio das garras da Polícia Federal e da Justiça. A de Guedes é porque a privatização e as reformas vão contra o corporativismo histórico do presidente, que talvez o ministro tenha minimizado, e de seu desejo de abrir os cofres públicos para evitar um processo de impeachment e turbinar o apoio à sua reeleição.

Como no caso de Moro, uma eventual saída de Guedes, que é uma espécie de avalista do governo junto ao mercado financeiro e à ala mais liberal do empresariado, deverá causar uma tremenda turbulência. Assim como ocorreu com Moro, ele também se tornou alvo das demonstrações de poder do presidente, diante de sua insistência em implementar a agenda que o levou ao governo. Caso a saída de Guedes se confirme, porém, seu impacto no Brasil real promete ser bem mais explosivo, num momento fundamental para a retomada economia e para a definição das expectativas dos analistas e dos agentes econômicos em relação às combalidas finanças públicas do País.

 Foto: Dida Sampaio/Estadão

A entrevista coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira, 11, sobre as saídas de Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, e Paulo Uebel, secretário especial de Desburocratização e Gestão e Governo Digital, confirmou o que muitos analistas já apontavam há tempos. Ficou evidente, para quem ainda tinha alguma dúvida, que o principal responsável pela falta de tração na privatização e na reforma administrativa,  pilares da chamada reforma do Estado proposta por Guedes desde a campanha eleitoral, é o próprio presidente Jair Bolsonaro, apesar de suas juras de lealdade ao ministro e de amor eterno por suas ideias liberais.

Pela primeira vez desde o anúncio de sua aliança com Bolsonaro, no fim de 2017, Guedes deixou de lado a postura adotada até agora, de tentar colocar "panos quentes" nas rasteiras levadas do presidente, e pôs as cartas na mesa. Sem meias palavras, ele escancarou a resistência do Palácio do Planalto e do círculo político mais próximo de Bolsonaro (e também dos núcleos militar e ideológico) à liberalização da economia.

"Um está reclamando que está indo devagar e o outro está dizendo'vai no ritmo que eu quiser, eu sou o presidente, eu que tive o voto. Se você quiser, você sai'", afirmou Guedes, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, num trecho da entrevista pouco divulgado pela mídia, embora seja, talvez, o mais revelador de como sua agenda econômica é tratada pelo presidente nos bastidores.

"Casamento" Para justificar seu "casamento" com Bolsonaro, Guedes construiu toda uma teoria, baseada na aliança dos liberais com os conservadores, acreditando na conversão do então candidato à Presidência às teses da Escola de Chicago com as quais ele se identifica. Mas, como já ficara subentendido na reforma da Previdência, quando Bolsonaro atuou para manter os privilégios dos militares e de outras categorias ligadas ao aparato de segurança do Estado, sua súbita adesão ao liberalismo parece não ter passado mesmo de uma tacada eleitoral, destinada a reduzir a resistência do capital à sua candidatura e a abrir caminho para que a direita democrática acabasse por aderir a ela.

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Ao que tudo indica, a agenda liberal de Guedes está seguindo o mesmo caminho da agenda anticorrupção do ex-ministro Sérgio Moro. Com Bolsonaro no leme, está cada vez mais claro que não será neste governo que as duas agendas, essenciais para a sua eleição, vão seguir adiante. Pelo que se pode observar, Guedes está passando por um processo de "fritura" semelhante ao que viveu Moro. A diferença é que a "fritura" de Moro se deu porque a pauta anticorrupção ia contra desejo de Bolsonaro de livrar seu filho Flávio das garras da Polícia Federal e da Justiça. A de Guedes é porque a privatização e as reformas vão contra o corporativismo histórico do presidente, que talvez o ministro tenha minimizado, e de seu desejo de abrir os cofres públicos para evitar um processo de impeachment e turbinar o apoio à sua reeleição.

Como no caso de Moro, uma eventual saída de Guedes, que é uma espécie de avalista do governo junto ao mercado financeiro e à ala mais liberal do empresariado, deverá causar uma tremenda turbulência. Assim como ocorreu com Moro, ele também se tornou alvo das demonstrações de poder do presidente, diante de sua insistência em implementar a agenda que o levou ao governo. Caso a saída de Guedes se confirme, porém, seu impacto no Brasil real promete ser bem mais explosivo, num momento fundamental para a retomada economia e para a definição das expectativas dos analistas e dos agentes econômicos em relação às combalidas finanças públicas do País.

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