Samcil em crise perde carteira de clientes

Carolina Marcelino

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Por Marcelo Moreira
Atualização:

A Samcil tem de repassar para outra empresa a sua carteira de beneficiários, que hoje conta com 193 mil clientes, até a próxima sexta-feira. A determinação é da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com uma dívida de R$ 70 milhões e com três dos cinco hospitais próprios desativados desde dezembro passado, a Samcil estava desde janeiro sob o Regime Especial de Direção Fiscal, no qual a ANS verificou os problemas financeiros da operadora.

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Em nota, a agência reguladora informa que a " Diretoria Colegiada da ANS determinou a alienação da totalidade da carteira de beneficiários da Samcil, dando prazo de cinco dias para que a operadora faça a negociação. Se ao final desse período a carteira não tiver sido negociada, a ANS fará uma oferta pública, convocando operadoras interessadas em ofertar propostas de novos contratos aos beneficiários da Samcil".

A ANS recomenda que os consumidores mantenham os boletos pagos em dia, mesmo com essa instabilidade na companhia. Dentro das possibilidades, os associados da Samcil continuarão sendo atendidos normalmente pela rede credenciada.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que representa 15 grupos empresariais do ramo de saúde privada, informa que não comenta casos particulares de seus credenciados. Mas, segundo a assessoria de imprensa, nenhuma empresa demonstrou interesse em comprar a carteira da Samcil.

A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), representante de outros convênios, incluindo a Samcil, também se recusa comentar casos particulares.

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Contratos mudam

De acordo com a advogada do Instituto Brasileiro do Consumidor (Idec) Juliana Ferreira, caso ninguém compre os contratos da Samcil, o consumidor será muito prejudicado. "Se a carteira for a leilão, o novo dono não é obrigado a respeitar as normas do contrato, como carência, coberturas de exames e consultas. O ideal é que alguma empresa sinalize interesse até a data estabelecida pela ANS."

O funcionário público Danter João de Almeida, de 59 anos, é associado da Samcil há mais de 20 anos. Ele paga por mês R$ 250 e há alguns meses notou a queda da empresa. "Demorei meses para agendar uma consulta que foi cancelada sem motivo. Hoje, a Samcil não possui nenhum urologista credenciado", contou Almeida.

Segundo regulamento da agência reguladora, caso uma empresa compre a carteira de uma outra companhia, o novo dono tem de fazer valer aquilo que está em contrato. Mas caso vá a leilão, o cliente fica vulnerável a mudanças propostas pelo novo dono. "Se isso acontecer, só nos resta rezar", completou a advogada.

O advogado especialista em defesa do consumidor e consultor do Jornal da Tarde, Josué Rios, afirma que falta fiscalização por parte da ANS.

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"Não adianta aparecer agora que tudo deu errado. Essas ações da ANS não passam de burocracias, que existem mais para justificar a ineficiência do órgão, do que para ajudar ou salvar o plano de saúde", diz o especialista.

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