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Sacolas não poluem se forem para o lugar certo

Por crespoangela
Atualização:

Texto de Eleni Trindade

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À primeira vista, as sacolinhas plásticas que as pessoas usam para transportar as compras do supermercado parecem ser apenas peças leves que voam com o vento. Mas o impacto ambiental é pesado se elas forem descartadas de forma inadequada, porque o plástico é um material que demora mais de 450 anos para se desintegrar.

Aron Belinky, gerente de projetos especiais do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, acredita que a melhor forma de se evitar prejuízos para o planeta é diminuir o uso ou simplesmente deixar de usar embalagens não-biodegradáveis, como é o caso da sacolinha plástica. "Por que levar uma pequena quantidade de alimento numa bandeja de isopor, coberto com filme plástico e dentro de uma ou mais sacolinhas, se logo em seguida todo esse material será descartado e vai demorar anos e anos para se decompor?", questiona.

O consumidor, segundo Belinky, deve ter bom senso. "É possível recusar as sacolinhas e usar produtos biodegradáveis ou retornáveis, como sacolas trazidas de casa que podem ser usadas várias vezes ou caixas de papelão para transportar as compras", sugere.

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Francisco de Assis Esmeraldo, presidente do Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), tem opinião um pouco diferente e destaca que a educação ambiental precisa ser estimulada. "Ninguém que tenha preocupação com o meio ambiente vai jogar sacolas plásticas na rua, na estrada, no campo ou na praia, portanto, a questão de fundo não é diminuir o consumo das sacolas e sim estimular a coleta seletiva e a sua reciclagem."

A mudança na atitude dos cidadãos também é defendida por Rogério Mani, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief). "É preciso educação das pessoas para darem destino correto a qualquer produto, não só às sacolas plásticas, pois estas não têm pernas e chegam indevidamente às ruas ou outros lugares porque alguém as descartou ali". Para ele, a reciclagem traz benefícios para o ambiente e é viável economicamente. "Daí a importância da coleta seletiva que,bem difundida e bem feita, acarreta um impacto menor no custo do processo."

Uma questão de hábito

A consumidora Cleonice de Souza Cipriano conta que aos poucos vem mudando seus hábitos. "Percebi que os supermercados estão fornecendo menos sacolas e isso é bom porque diminui os resíduos. Utilizo as sacolinhas como saco de lixo. Acredito que com o tempo - e se houver campanhas de conscientização - as pessoas levarão sacolas de casa em vez de usar as sacolinhas plásticas. É uma questão de hábito", diz ela, que não tem coleta seletiva no bairro onde vive, mas separa latinhas de alumínio e garrafas pet para catadores que passam semanalmente.

A atitude de Cleonice vai ao encontro da orientação de André Vilhena, diretor executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre): "O consumidor pode contribuir separando as sacolas limpas para a coleta seletiva. Daí elas serão transformadas em novas sacolinhas , baldes plásticos, rodapés, entre outros", explica.

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Algumas empresas desenvolvem ações para auxiliar na conscientização dos consumidores. Segundo a Assessoria de Imprensa da área de Campanhas, Cultura e Responsabilidade Socioambiental do Grupo Pão de Açúcar, a empresa tem estações e máquinas de reciclagem (receptoras de resíduos que emitem cupons de desconto), sacolas retornáveis e biodegradáveis.

Contudo, o mesmo cuidado que o consumidor tem com o descarte das sacolas convencionais deve ser aplicado também às chamadas "degradáveis", lembra Esmeraldo, da Plastivida. "Essas sacolas recebem um aditivo para acelerar o processo de sua degradação, mas mesmo assim não devem ser simplesmente jogadas no meio ambiente e sim remetidas para coleta seletiva."

Ações para reduzir a poluição

Alguns alimentos podem ser comprados a granel, embalados no mesmo saco e separados em casa. Essa medida ajuda a diminuir a quantidade de lixo;

Outra opção é usar caixas de papelão para levar as compras, pois o papel se decompõe mais rapidamente;

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Sacolas devem ser reaproveitadas ao máximo e quando descartadas devem ser encaminhadas para a reciclagem;

Elas podem ser transformadas em novas sacolinhas, baldes, rodapés, caixas, lixeiras, peças de cercas, entre outras aplicações.

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