Reclamações contra golpe do seguro crescem 43%

Denúncias contra falsos corretores chegaram a 1.832 no ano passado, segundo a Susep, órgão do governo que fiscaliza o setor. Fraude mais comum é a cobrança de taxa para o resgate de um seguro que, na verdade, não existe

PUBLICIDADE

Por Marcelo Moreira
Atualização:

 PAULO JUSTUS - JORNAL DA TARDE

PUBLICIDADE

 Os golpes envolvendo seguros registraram crescimento expressivo em 2009. A Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão público responsável pelo controle e fiscalização do setor, recebeu 1.832 denúncias feitas por pessoas que foram enganadas por falsos corretores, uma alta de 43,2% na comparação com 2008.

O Estado de São Paulo responde por 50% desse fluxo de golpes e denúncias, de acordo com o Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP). "Em São Paulo, o crescimento do número de golpes acompanhou o ritmo do resto do País", diz Leôncio de Arruda, presidente do Sincor-SP.

No Estado, a alta dos golpes fica evidenciada também pelo número de corretores com registro cassado, que subiu de 31 em 2008 para 42 no ano passado. "Esse é um número baixo se comparado à base de 28 mil corretores que existem no Estado, mas alto se comparado à média de uma ou duas cassações por ano, que tínhamos até 2000", diz Arruda.

Segundo ele, em geral os golpistas têm conhecimento do mercado. "São ex-funcionários de seguradoras e pessoas ligadas ao mercado, que sabem qual é a abordagem com o cliente", afirma.

Publicidade

O elemento comum a todos os golpes são sempre as vantagens oferecidas à vítima. Saldos a receber, prêmios especiais e preços muito abaixo dos praticados no mercado são as principais características das fraudes com seguros.

 A coordenadora de atendimento da Susep, Glória Barbosa da Silva, diz que o golpe mais aplicado é aquele em que falsos corretores ligam para as vítimas dizendo que elas têm algum valor a receber da seguradora, mas que para isso, precisam fazer um depósito par a suposta seguradora.

"As principais vítimas são aposentados e pessoas idosas, que são mais crédulas", diz. Viúvas e pessoas com menos experiência em seguros também são alvos preferenciais dos golpistas.

O contato também é feito por e-mail e por carta, sempre com a proposta de que a pessoa tem algum valor a receber, seja de uma seguradora ou até plano de previdência privada, mas que para isso precisa fazer um depósito. Em alguns casos, o criminoso mostra que tem dados pessoais da vítima, como RG, endereço e nome completo, para conquistar sua confiança.

Há também casos em que falsos corretores se aproximam das vítimas com documentação falsa, inclusive carteirinhas falsificadas da Susep e formulários de apólices. "Nesse caso, o cliente paga pelo seguro e não consegue mais localizar o corretor", diz Arruda.

Publicidade

Em alguns casos, o golpista que se passa por corretor vende um seguro à vista, mas repassa à seguradora apenas o valor referente à primeira parcela do ano. Quando a vítima percebe, já perdeu o seguro, por falta de pagamento das parcelas seguintes. Em outro golpe, o falso corretor chega a vender um seguro, mas com uma cobertura menor ou diferente da combinada. "Existem casos de pessoas que pagam por seguros de vida, mas contratam, na verdade, seguros de acidentes pessoais".

PUBLICIDADE

O combate à fraude é dificultado pela cautela dos golpistas. "É muito difícil provar esse tipo de golpe, porque os fraudadores tomam precauções para não serem rastreados, só usam celular e e-mails como forma de comunicação", diz Danilo Sobreira, assistente da diretoria da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados (Fenacor).

A principal arma do consumidor contra esses golpes é a informação. "Quando alguém oferecer um seguro com descontos acima de 40% do valor do mercado, desconfie", recomenda Arruda. Outra dica que ele dá é em relação à abordagem do golpista. "Se alguém diz que é corretor de determinada seguradora já é golpe, porque o corretor não pode ser vinculado a uma seguradora", diz. 

PREVINA-SE

 * A principal dica para não cair num golpe de falsos corretores e seguradoras é desconfiar das vantagens excessivas. Não existem seguros que dão prêmios ou saldos para ex-segurados, nem corretores vinculados a determinadas seguradoras que podem dar descontos espetaculares

Publicidade

* Em geral os golpistas só fornecem celulares e sites com informações falsas. Desconfie de corretores que não dão o número de telefones fixos nem endereços de contato verificáveis. Confira sempre se o corretor de seguros é habilitado

* Para saber se o corretor de seguros é habilitado, o consumidor pode acessar o site da Federação Nacional de Corretores de Seguros Privados (www.fenacor.com.br). Lá clique em Cadastro/Pesquisa no menu Serviços para ter acesso ao formulário de busca. Preencha o nome do corretor que procura (sem acentuação). Caso o corretor esteja com situação cadastral ativa, significa que está habilitado para trabalhar

 * O Sindicato dos Contadores de Seguros Privados de São Paulo tem o número 0800 11 4999 para informações a respeito dos corretores. No telefone é possível consultar a habilitação do corretor e denunciar tentativas de golpes

 * No site da Superintendência de Seguros Privados (www.susep.gov.br) é possível consultar as seguradoras em atividade no País.

* A Susep também disponibiliza o 0800 021 8484 para atendimento ao público

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.