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Racionamento também criou mau hábito

Por crespoangela
Atualização:

Texto de Aiana Freitas

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O racionamento de energia elétrica, realizado entre 2001 e 2002 no País, foi responsável por reações positivas e negativas na população. Por um lado, muita gente passou a ter consciência da necessidade de se economizar energia elétrica; por outro, houve quem visse na restrição de uso uma justificativa para fraudar o sistema de fornecimento.

"Desde o racionamento, notamos um aumento na incidência de procedimentos irregulares", lamenta o gerente de relações comerciais da Elektro, Marcos Braun. O raciocínio usado pelos fraudadores passou a ser um só: como quem não cumprisse as metas de consumo determinadas teriam de pagar multa, a saída para isso seria avariar os relógios de medição de energia.

Fraudes desse tipo podem ser feitas de duas formas: manipulando-se o o medidor (tirando-se sua campa e mexendo nos ponteiros), ou a fazendo-se a chamada "derivação" (puxa-se um fio antes do relógio, ligando-o a equipamentos diretamente). De uma forma ou de outra, o consumidor acaba pagando menos do que deve à companhia.

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O furto de energia, porém, é crime previsto no Código Penal. E quem é descoberto pelas concessionárias pode ter o fornecimento de energia suspenso ou ser condenado a devolver à empresa a diferença entre o que gastou e o que efetivamente pagou no período da irregularidade. Esse valor é determinado com base em critérios previstos em regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), como explica o gerente de relações comerciais da Elektro, Marcos Braun. Um dos critérios usados é a média de consumo que o cliente registrava antes de o relógio apresentar problemas. Além disso, o consumidor também precisa pagar custos administrativos que podem corresponder a até 30% do valor da conta a ser paga.

Heraldo Quintino Mota sentiu no bolso o problema, depois que a Eletropaulo constatou que o relógio de medição usado em sua residência estava funcionando irregularmente - seu relógio ficava ao lado de outros usados por outras casas da vila em que mora. "Nunca mexi no relógio, mas a empresa disse que todos estavam avariados", conta. Por conta disso, hoje ele paga à concessionária um total de R$ 6 mil, parcelados em prestações de R$ 122. O problema, no caso de Mota, é que, como relógios que serviam a casas diferentes estavam juntos, a companhia não teve como descobrir qual foi o morador que fez a avaria.

Para evitar a proliferação de golpes como esse, as concessionárias fazem fiscalizações constantes em suas áreas de concessão. São 260 as equipes da Eletropaulo fazendo inspeções constantes nas cidades da Região Metropolitana de São Paulo para tentar encontrar problemas como esses. Procedimento semelhante é adotado pelas demais concessionárias do Estado.

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