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Onde vão parar os milhares de celulares usados

Por crespoangela
Atualização:

Texto de Eleni Trindade

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Celular com câmera, que toca música e envia e-mail, etc. Tantas são as propagandas sobre as inovações tecnológicas que muitas pessoas fazem questão de ter sempre o modelo mais moderno disponível. Os brasileiros trocam de aparelho, em média, a cada 19 meses, segundo uma pesquisa feita pela Motorola em 2005. Os aparelhos usados costumam ser vendidos ou doados a amigos e familiares, mas e se não tiverem mais uso? Poderão ser jogados no lixo como se fossem uma casca de banana?

Na opinião de Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, não: os componentes do celular exercem um impacto muito grande no meio ambiente. "Mas, mesmo que o consumidor tenha consciência e queira descartar o celular sem trazer nenhum prejuízo à natureza, ele não tem meios nem locais adequados para fazê-lo no Brasil. A responsabilidade maior é do produtor", afirma.

"Na Europa já existe essa preocupação da indústria por causa da pressão da sociedade e das entidades de consumidores. Eles descobriram que grande parte do lixo eletrônico ia para a China, onde mulheres e crianças acabavam contaminados nos lixões com a fumaça gerada por resíduos queimados, e exigiram mudanças." Segundo Furtado, as empresas européias de celulares e outros eletrônicos utilizam cada vez menos componentes tóxicos, passaram a fazer aparelhos com desmontagem fácil e ficam responsáveis pelo descarte dos equipamentos obsoletos. "E o Brasil deve seguir essa tendência", completa.

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Opinião parecida tem Walter Capello Jr., secretário-geral da Associação Brasileira de Empresas Públicas e Resíduos Especiais (Abrelpe). "Independentemente de um aparelho celular ser descartado com bateria ou não, ele provoca poluição e essa questão deve ser resolvida sobretudo pelos fabricantes dos aparelhos e baterias. Temos conhecimento de que eles estão efetivando esforços para controlar o pós-uso dos aparelhos e a Abrelpe explica à população o perigo que esses resíduos causam ao meio ambiente."

Mas os consumidores também têm um papel importante nesse processo, ressalta Furtado. "Eles devem entender que seus hábitos de consumo podem ter um impacto forte no equilíbrio ambiental."

Empresas

A Assessoria de Imprensa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) informa que a entidade desconhece ações de empresas no sentido de receber de volta os celulares usados para reciclá-los. Destaca, apenas, que seus associados recolhem as baterias de níquel-cádmio normalmente utilizadas em telefones sem fio e filmadoras ou baterias de uso industrial.

Das empresas consultadas pela reportagem, somente Motorola e Nokia afirmaram reciclar os componentes de aparelhos celulares descartados pelos consumidores."O resíduo eletrônico gerado na produção é enviado para a reciclagem e plásticos e metais são aproveitados na indústria em geral. Além disso, a empresa participa de alguns estudos técnicos sobre a viabilidade do processo de reciclagem", diz Otávio Valente, gerente de Meio Ambiente da Motorola.

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A Nokia explica que recicla os aparelhos enviados pelos consumidores e informa que "cerca de 80% dos componentes de um celular Nokia são recicláveis." Destaca, ainda, que as caixas dos produto trazem explicações sobre o descarte das baterias e informações sobre a rede de coleta.

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Ao pesquisar sobre como destinar as baterias de seu celular para a reciclagem, o consumidor Oliver So descobriu que poderia entregar também o aparelho num posto da Nokia. "Em vez de ficar em casa sem uso, foi para a reciclagem. Acho muito bom poder colaborar para a redução do lixo gerado", comemora.

A Siemens enfatizou seu programa de caixas coletoras de baterias que existem em toda a rede de assistência técnica autorizada. "A partir daí, as baterias são enviadas para uma empresa recicladora e, após o correto armazenamento, esta empresa as envia para a Europa para destinação final."

A LG e a Sony Ericsson não se manifestaram sobre o assunto.

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