Marcelo Moreira
13 de agosto de 2008 | 15h27
FABIO LEITE – JORNAL DA TARDE
Como efeito direto do último aumento da taxa básica de juros (Selic) promovido pelo Banco Central no fim do mês passado – de 12,25% para 13% ao ano –, os juros do comércio em seis Estados, entre eles São Paulo, mais o Distrito Federal, subiram de novo em julho e atingiram a maior média desde novembro de 2006: 6,13% ao mês.
Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac)mostra que a taxa que incide sobre a compra a prazo do consumidor final no varejo aumentou em 0,04 ponto porcentual ante junho. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a alta é ainda mais expressiva: 0,16 ponto porcentual.
Isso significa, por exemplo, que quem comprar hoje uma TV de R$ 1,5 mil em 12 vezes pagará R$ 1,57 a mais por mês do que quem fez a mesma compra há um ano.
Ao término das prestações, a diferença chega R$ 18,84 no valor da compra. “Não é isso(alta dos juros) que vai fazer com que o consumidor deixe de comprar o produto. O mais importante para ele hoje não são os juros, mas os prazos. E esses continuam extensos”, explica coordenador da pesquisa e vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.
O levantamento da Anefac mostra ainda que a alta dos juros em julho na comparação com junho não ocorreu apenas no comércio.
As taxas do Crédito Direto ao Consumidor (CDC) dos bancos subiram 0,97% no mês passado; o empréstimo pessoal dos bancos e das financeiras, 0,37% e 0,36%, respectivamente; o cheque especial, 0,26%; e o cartão de crédito, 0,19%. Isso fez com que a taxa de juros média geral para pessoa física apresentasse uma elevação de 0,02 ponto porcentual no mês, passando de 7,33% em junho para 7,35% agora.
Segundo Oliveira, a alta generalizada foi provocada pela elevação da Selic em julho (0,75 ponto porcentual), a maior promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) desde fevereiro de 2003. Mas o pior ainda pode estar por vir.
“O aumento dos juros ainda ficou abaixo do patamar da alta da Selic. Isso porque a elevação da taxa básica ocorreu no fim do mês passado. Para agosto, podemos esperar que essa alta seja repassada integralmente para o consumidor”, afirmou.
SIMULAÇÃO
Na compra de uma TV de R$ 1,5 mil hoje em 12 vezes, com juros mensal de 6,13%, o consumidor pagará parcelas de R$ 180,19, que custará, no total, R$ 2.162,28
A diferença é de R$ 1,57 na prestação e R$ 18,84 no valor total
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