Juros para consumidor são os mais baixos desde 1995

LUCIELE VELLUTO e MARCOS BURGHI - JORNAL DA TARDE

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Por Marcelo Moreira
Atualização:

Os juros médios mensais cobrados nas linhas de crédito para pessoas físicas atingiram o menor nível em 14 anos. A informação é da pesquisa mensal de juros da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac) com dados até agosto, divulgada ontem. Segundo o levantamento, a taxa caiu para 7,08%, a menor desde o início da apuração, em janeiro de1995.

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Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac atribui a queda a uma combinação de fatores. De acordo com ele, a economia vive um bom momento, com a retomada do emprego e da produção.

Com mais dinheiro em caixa e diante da queda da taxa básica de juros, a Selic, os bancos optam por ampliar o crédito, cujo retorno é melhor do que o obtido nas operações de tesouraria, como são denominadas as aplicações em títulos do governo ou de outras instituições.

Para Oliveira, os bancos vão intensificar a competição pelos consumidores, o que deverá traduzir-se em novas baixas, ainda que a Selic seja mantida nos atuais 8,75% ao ano. "Antes as quedas ocorriam, quando muito, nas baixas da Selic. Agora acontecerão pela concorrência", acredita.

O executivo da Anefac também lembra que o volume de crédito na economia aumentou. De acordo com os dados mais recentes do Banco Central (BC), o valor chegou a R$ 1,3 trilhão em julho, o equivalente a 45% do Produto Interno Bruto (PIB).

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Entretanto, há também uma mudança na postura do consumidor que busca crédito, segundo Carlos Eduardo Soares de Oliveira Junior, integrante do Conselho Regional de Economia da São Paulo (Corecon-SP).

"Muitas pessoas têm migrado para os bancos que oferecem taxas de juros menores. Antes, as pessoas buscavam crédito conforme o tamanho da parcela. Agora, querem saber quanto vão pagar no final e qual a taxa de juros para fechar o negócio", diz.

Rubens Sardemberg, economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), reitera que a expectativa com relação ao futuro da economia melhorou, o que dá uma maior segurança às instituições financeiras. Ele lembra que a inadimplência também dá sinais de estabilidade.

De acordo com números do BC, referentes a julho, o índice médio de inadimplência das pessoas físicas, que considera atrasos acima de 90 dias, marcou 8,6% pelo terceiro mês consecutivo. "A expectativa é de que caia", diz.

O professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Keyler Carvalho Rocha, acredita que os juros devam continuar em queda nos próximos meses. "Até o final do ano, os níveis de crédito devem melhorar ainda mais", comenta.

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Para Luiz Jurandir Simões, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), a baixa dos juros é mais uma oportunidade para o consumidor pechinchar.

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Na ponta

Para os consumidores, os juros[/IP8,0,0] ainda continuam altos e a preferência é pelas compras à vista, para evitar os juros. "Por mais que as parcelas estejam pequenas e os juros em queda, financiar ainda sai caro, pois se paga muito mais. Eu prefiro guardar o dinheiro", diz o supervisor de ambulância Douglas Egídio da Silva, 39 anos.

O comerciante Lúcio Cunha, 45 anos, não sentiu a queda dos juros. "Eu não acredito em juros mais baixos. Prefiro não comprar nada que precise pagar juros ou fazer empréstimos", afirma. Já a aposentada Néia Barreto, 59 anos, diz que parcela apenas quando não há juros.

"Só compro em, no máximo, três vezes. Não gosto de usar o cartão de crédito porque não quero cair nos juros do rotativo e o consignado também não é barato", comenta.

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