Desvio da conta corrente é a principal fraude na web

FERNANDO TAQUARI- JORNAL DA TARDE

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Por Marcelo Moreira
Atualização:

O internauta deve redobrar os cuidados ao navegar pela internet. Pesquisa inédita da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomecio) com mil pessoas na capital paulista revelou que 14% dos entrevistados, consultados de forma aleatória, já foram ou tiveram alguém da família vítima de algum tipo de fraude pela rede mundial de computadores.

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O maior crime eletrônico foi o desvio de dinheiro da conta corrente. Segundo a pesquisa, 37% dos usuários sofreram este ataque, que ocorre por meio do internet banking - o serviço de atendimento pelo computador, que permite ao cliente consultar saldos e extratos, pagar contas e fazer transferências.

"O hacker monitora o computador e descobre a senha quando o usuário acessa o serviço", explica Renato Blum, presidente do conselho de tecnologia da informação da Fecomercio.

As compras fantasmas feitas com dados do cartão de crédito (24%) são o segundo tipo de fraude mais comum. "Neste caso, o internauta é induzido por links falsos a comprar produtos com promoções tentadoras, mas que não existem", diz.

Outros 19% dos ataques pela internet se referem ao uso de dados pessoais, geralmente encontrados pelos hackers em sites de relacionamento social, como Orkut, Facebook e Twitter.

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A pesquisa mostra ainda que 76% dos internautas usam algum tipo de antivírus. É importante lembrar que os programas precisam de atualizações frequentes e, mesmo assim, o usuário não está imune às invasões.

Para Álvaro Leal, consultor da ITData, o maior problema se encontra nos hábitos do internauta. "As pessoas têm pouca paciência para verificar a existência de atualizações e fazer o seu download."

Valéria Cunha, assistente de direção da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), ressalta que o usuário lesado pode recuperar o dinheiro. Em caso de desvio da conta corrente, o primeiro passo é fazer um boletim de ocorrência e comunicar o incidente ao banco.

O mesmo procedimento deve ser adotado em caso de compras indevidas com dados do cartão de crédito. Contudo, o reembolso só será efetuado nos dois casos, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), se a instituição financeira constatar que o cliente cumpriu princípios básicos de segurança no uso da internet.

Ou seja, antes de fazer o ressarcimento, o banco faz uma avaliação detalhada de cada caso. O prazo também varia conforme a circunstância e a instituição.

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Em 2003, a consultora de turismo Doriti Dobner, 66, teve o computador monitorado por um hacker, que desviou o dinheiro da conta corrente para várias regiões do País. "O gerente do Bradesco me ligou para questionar transferências para outros Estados. Foi uma surpresa porque estava dez dias sem movimentar a conta", lembra.

 Foto: Estadão

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Doriti esperou 20 dias para ter o dinheiro de volta. Isso só ocorreu depois que um técnico do banco concluiu que o computador realmente havia sido invadido.

Apesar da dor de cabeça, a experiência serviu de alerta. Há seis meses, ela recebeu um suposto e-mail do banco, pedindo o recadastramento de dados pessoais. "Liguei para o gerente e ele afirmou que era um vírus", destaca.

Mas nem sempre a história termina com um final feliz. Selma Feldman Singal, 49, proprietária de uma administradora de imóveis, viu sua empresa perder R$ 130 mil em apenas duas horas. "Em janeiro fui checar a conta e o saldo estava negativo. O curioso é que não faço nada pela internet, exceto verificar o extrato", diz.

O técnico enviado pelo banco garantiu à Selma que as transferências foram feitas por um vírus espião. Apesar disso, o Itaú declarou na época e, reiterou à reportagem, que adotou todos os procedimentos de segurança e por isso não tinha motivos para reembolsar Selma.

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"Sua ação protetora (do banco) não consegue abranger situações que dependam exclusivamente dos cuidados dos clientes", alegou o Itaú em nota. Mesmo assim, ela disse que conseguiu reaver R$ 30 mil do valor total. Mas o ressarcimento não foi além disso.

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