Deixem os patrões eleitos descansar

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Por crespoangela
Atualização:

Coluna de Josué Rios, publicada em 7/11

Mal acabamos de ir às urnas eleger os nossos "patrões," como dizia a propaganda (no mínimo exagerada) da Justiça Eleitoral, e já desaba a primeira bomba: financiar viagem área cara para acampar em aeroporto.

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E tem algum dos "patrões" eleitos (deputados, senadores, governadores e o presidente Lula) discursando em defesa dos acampados nos saguões dos aeroportos?

Pois, sim. Os eleitores-consumidores que esperem (e congelem) sentados sobre o cansaço e suas bagagens o pronunciamento, "in loco", de algum nobre parlamentar ou governante eleito. Primeiro, porque depois da festa das urnas (para eles) precisam de alguns dias de descanso... Segundo, porque Brasília e os palácios ficam longe dos aeroportos e dessas insignificantes miudezas da faina diuturna dos mortais.

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Resultado: na prática, de um lado, mais uma vez, uma categoria de funcionários públicos a proclamar que não tem chefes (que o Estado é propriedade deles - e podem fazer o que quiser e quando quiser) e, portanto, podem decretar, ao seu arbítrio, o caos nos aeroportos do País, e não importa o interesse público da maioria da população que precisa viajar, incluindo enfermos que lutam contra o tempo para obter a cura, bem como crianças e idosos, entre outros passageiros em situação premente. E, do outro lado, a letargia dos "patrões" (expressão ao gosto da propaganda da Justiça Eleitoral), que há muito tempo sabem das carências dos controladores de vôos e do tráfego aéreo, mas preferem esperar o tumulto se instaurar para somente a partir daí - e ainda de forma confusa e lenta - apresentarem suas costumeiras meias-solas para solução rasa do problema.

Mais: em pleno caos, tem gente fazendo média com as empresas, dando a entender que só o governo tem culpa (atitude mais cômoda), o que não é bem assim. As empresas aéreas só pensam em lucro e no domínio do mercado. E são elas que enfiam a mão voraz diretamente no bolso do consumidor e depois o tratam com grosseria e desinformação nos saguões do caos. Sem contar que as mesmas companhias aéreas, embora plenas sabedoras das mazelas e inseguranças do sistema, pouco exercem a sua função social de denunciar e cobrar solução quanto aos riscos do tráfego aéreo.

Além do mais, juridicamente, as empresas aéreas são partes legítimas para responder pelos danos materiais e morais sofridos pelos consumidores. Mais: bem que esses poderiam usar a internet para criar um movimento, ou pelo menos para trocar informações, visando à reparação dos danos ou até mesmo exigirem iniciativas mais concretas das entidades e autoridades que se dizem defensoras dos consumidores, mas que em geral não saem do blablablá ou se restringem a dicas acacianas e sem maior proveito.

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