PUBLICIDADE

Cuidado com a compra parcelada no cartão de débito

Serviços atrelados ao 'dinheiro de plástico' são cada vez mais comuns nos bancos. Mas o consumidor precisa ficar atento aos juros cobrados nessas operações, que apesar de práticas, acabam tendo um custo muito elevado

Por Marcelo Moreira
Atualização:

LUCIELE VELLUTO - JORNAL DA TARDE

PUBLICIDADE

Os bancos oferecem cada vez mais serviços agregados aos cartões. A compra parcelada, por exemplo, comum no cartão de crédito, hoje já é possível no cartão de débito, mas o consumidor deve ter cuidado na hora de utilizar esse recurso, que é, na verdade, uma opção de crédito.

Ainda pouco divulgado, parcelamento no cartão de débito é oferecido como uma alternativa para obtenção de crédito rápido. Alguns bancos, como Bradesco e Itaú, oferecem o recurso por meio do limite de crédito pessoal do cliente, o mesmo limite que aparece no caixa de autoatendimento ou no extrato no internet banking.

A prática de saque com o cartão de crédito é comum. Mas os bancos já oferecem parcelamento do valor sacado. O Santander é um dos que têm o prazo mais longo nessa modalidade, com pagamento em até 24 vezes na fatura do cartão. O juro vai de 3,5% a 9,99% ao mês; a tarifa é de 3% do valor sacado, com limite de R$ 2 mil.

No caso do Bradesco, o produto chama-se Parcelado Electron e pode ser usado em qualquer máquina que opera os sistemas de compra com débito automático. O crédito pré-aprovado é apresentado com uma nova forma de pagamento, que concorre com o cartão de crédito, crediário, cheque ou dinheiro.

Publicidade

A diferença é que ele pode ser pago em até 40 vezes e o consumidor escolhe a data para isso. "É um prazo bem elevado, mais do que o cartão de crédito, por exemplo. E não há burocracia, como nos financiamentos oferecidos no banco", diz Márcio Parizotto, superintendente executivo do Bradesco Cartões.

O consumidor pode fazer a simulação de quanto irá pagar na própria máquina do cartão em qualquer estabelecimento comercial. Com esse teste é possível saber o valor das parcelas, mas o recomendável é se informar com o banco qual os juros da operação.

As taxas de juros variam conforme o perfil do cliente, que leva em consideração o risco e o segmento bancário a que ele pertence. As taxas começam em 1,78% e vão até 6,90% ao mês. E, para compra de passagens aéreas, produto que o Bradesco deve oferecer em breve em parceria com as companhias de aviação, o juros serão de 3,40% ao mês.

Cuidados

Para os especialistas em finanças pessoais, o consumidor precisa ficar atento quando solicitar esse tipo de crédito. "O cartão facilita a vida, mas pode abrir um rombo na conta bancária", afirma José Faria de Paula Junior, coordenador da pós-graduação em Administração Bancária da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).

Publicidade

O professor de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Ricardo Almeida, afirma que o financiamento com crédito pré-aprovado ou saque com cartão de crédito só deve ser utilizado em caso de extrema necessidade. "Isso seria a opção para quem não tem mais outras formas de crédito na praça. Mas, para esse perfil, os juros também serão altos e ainda corre o risco de não conseguir o financiamento."

Almeida recomenda que o consumidor não se iluda com a parcela na hora de fazer a compra. "As pessoas pensam sempre se a prestação cabe no bolso. Porém, ela pode estar pagando um valor muito maior se tivesse procurado outro tipo de financiamento", diz.

Paula Junior explica que o custo do saque de dinheiro com o cartão de crédito é um dos mais altos do mercado e que também só deve ser usado em caso de extrema necessidade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.