A maior oferta de crédito, a juros mais baixos e prazos mais longos fizeram os empréstimos pessoais (que incluem o crédito consignado e o crédito direto ao consumidor - CDC) atingirem a marca de R$ 12,445 bilhões em abril - uma alta de 10,9% em relação a março, informa o Banco Central.
Os bancos têm facilitado a tomada de empréstimo em várias modalidades de crédito - em especial, naquelas em que é oferecido algum tipo de garantia em caso de inadimplência.
No consignado, por exemplo, Santander e Real anunciaram ontem a ampliação do prazo de financiamento de 60 para 72 meses, a juros de 1,5% ao mês. Neste tipo de empréstimo, o risco de calote é mínimo, pois as parcelas são descontadas diretamente do salário do trabalhador ou do benefício dos aposentados.
Para o financiamento de veículos, o consumidor também ganhou mais tempo para pagar. O Bradesco ampliou de 60 para 80 meses o prazo máximo de financiamento de carros zero quilômetro.
A alteração segue movimento já registrado em outras instituições financeiras de grande porte. Nas duas últimas semanas, Grupo Santander e Itaú Unibanco anunciaram que o número máximo de prestações mensais passou de 60 para 72.
O Bradesco pede uma entrada mínima de 20% cobra uma taxa mínima de 1,20% ao mês para os correntistas - antes, os juros eram de 1,52%. As novas condições farão com que a prestação fique até 18% mais barata, o que possibilitará que mais pessoas acessem esse crédito, afirma Ademir Cossiello, diretor executivo do Bradesco.
Segundo o executivo, a ampliação dos prazos foi possível porque há indicações de que a taxa de desemprego deixará de crescer e, com isso, a inadimplência tende a ser mais controlável.
O financiamento da casa própria também já está mais barato. Como mostrou o JT, Banco do Brasil, Bradesco, Nossa Caixa e HSBC baixaram os juros desta modalidade de crédito nesta semana.
Para Ricardo Torres, professor de finanças da Brazilian Business School (BBS), enquanto o futuro da economia estiver cercado de incertezas, os bancos vão se focar cada vez mais em empréstimos de baixo risco e alta rentabilidade.
"Para as instituições financeiras, neste momento vale a pena facilitar a concessão de crédito em que há algum tipo de garantia, como o consignado, o financiamento imobiliário e de veículos", justifica. "Nessas modalidades, podemos esperar que os juros caiam ainda mais nos próximos meses. Por isso, quem puder esperar um pouco mais, deve encontrar condições ainda melhores."
Ao que parece, a escassez de crédito ficou para trás. O volume total de empréstimos do mês de abril, segundo o BC, chegou a R$1,248 trilhão, um recorde absoluto.
Embora a inadimplência ainda esteja 5,2% - o patamar mais alto desde 2000 -, os bancos já enxergam melhoras no cenário econômico e estão menos temerosos na hora de emprestar. "Por isso, as condições hoje são mais atrativas", justifica Rafael Paschoarelli, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA).