Convênios: saúde suplementar é cinismo

Josué Rios - Colunista do Jonral da Tarde

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Por Marcelo Moreira
Atualização:

Crise em plano de saúde é como congestionamento no trânsito: um problema que todo dia vamos presenciar, denunciar, reclamar, mas cuja solução não parece fácil. No caso dos planos de saúde, um dos motivos, se não o principal, da crise permanente diz respeito ao fato de os governos transferirem cada vez mais à iniciativa privada, a obrigação de assistência pública à saúde.

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Ou seja, enquanto os ideólogos do Sistema Único de Saúde (SUS), com certo cinismo, louvam a universalização da saúde estatal, na vida real, tudo o que o pequeno cidadão quer é fugir do ambiente pavoroso dos hospitais públicos. E isso explica, por certo, o grande aumento do número de novos clientes dos convênios médicos, estes que não são mais a saúde suplementar dos brasileiros (como fora prevista), mas a tentativa de refúgio possível ao inferno do serviço de assistência médica estatal.

Dessa forma, enquanto a sociedade não se mobilizar para colocar os governantes omissos na parede, a fim de que prestem, decentemente, o serviço mais essencial de todos à população, o problema como a defasagem entre o número de vagas em hospital e o número crescente da clientela dos planos de saúde será cada dia mais sério. E o resultado já se sabe: a demora hoje gritante para obtenção de cirurgias, procedimentos urgentes e exames será ainda mais agravada.

A conclusão é que, para os contratantes da saúde privada, a diminuição de vagas nos hospitais é apenas mais um capítulo da novela intitulada "Clientes de Plano de Saúde: garfados, enganados e na UTI".

Enganados duas vezes, frise-se. Primeiro por prefeitos, governadores e presidentes da república que nunca se dignaram a pensar (ou repensar) um sistema de saúde que bem integrasse saúde pública-saúde privada, e apenas assaltam nossos bolsos com tributos excessivos e injustos.

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E em segundo lugar, enganados pelos convênios médicos, que cada vez mais deixam de entregar corretamente aquilo que vendem aos consumidores, caminhando para verdadeiros engodos, mal disfarçados em contratos com cláusulas minúsculas e abusivas. Podemos dizer que as perspectivas não são boas.

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