PUBLICIDADE

Convênios: médicos fazem hoje paralisação de 24 horas

Ligia Formenti

Por Marcelo Moreira
Atualização:

Médicos de 24 Estados do País suspendem hoje por 24 horas o atendimento aos planos de saúde, em protesto contra os baixos honorários repassados pelas operadoras. A paralisação atingirá tanto o atendimento em consultórios, quanto em ambulatórios e hospitais. Somente as equipes dos serviços de urgência manterão suas atividades.

PUBLICIDADE

O movimento é organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam). A estimativa é de que cerca de 25 milhões de pessoas sejam usuárias dos planos de saúde que terão o atendimento interrompido.

Em nove Estados, médicos suspenderão o atendimento a todas as operadoras de saúde. Em São Paulo, os convênios médicos cujo atendimento será suspenso são: Ameplan, Golden Cross, Green Line, Intermédica, Notre Dame, Prosaúde, Blue Life, Dix Amico, Medial, GEAP e Volkswagen.

Na Bahia, a paralisação será de uma semana. O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Cid Jayme Carvalhaes afirma que atualmente 120 mil profissionais prestam serviços para planos de saúde. "Mas não temos como dizer quantos estarão envolvidos na manifestação", disse.

O protesto marcado para hoje é um desdobramento da primeira paralisação da categoria, realizada em abril deste ano. "Como a maior parte das operadoras não respondeu nossas reivindicações, resolvemos fazer essa nova mobilização", disse o vice-presidente do CFM, Aluísio Tibiraçá. Médicos reivindicam o aumento da consulta para R$ 60. Atualmente, a média paga para profissionais é de R$ 40.

Publicidade

"O preço de um corte de cabelo no Rio", comparou Tibiriçá. O movimento pede ainda o fim da intervenção de operadoras na atuação de médicos, como cotas para pedidos de exames ou tempo máximo para internação em UTIs e a adoção de critérios e periodicidade para o reajuste.

 "Os planos têm ajuste anual. Para profissionais, não há nenhuma previsão de ajuste. Não nos resta outra atitude além do conflito", disse Tibiriçá. Durante o anúncio do movimento nacional, o médico criticou a atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

 Ele afirma que a recente expansão de pessoas que têm planos de saúde não foi acompanhada pelo aumento da rede de assistência. "A desassistência a pacientes de planos avança a passos largos e se aproxima da registrada entre usuários do SUS", completou.

Em nota, a ANS , afirmou que o operadoras devem providenciar para que consultas e exames de pacientes sejam marcados para outra data. A agência observou ainda que serviços de urgência e emergência deverão ser mantidos e que não é permitida a cobrança de valores adicionais. Para mais informações, o Disque ANS: 0800 701 9656. Os Procons também podem auxiliar o consumidor. Em São Paulo, o contato pode ser feito pelo telefone 151.

 A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as 15 maiores operadoras, divulgou ontem novos critérios adotados por suas afiliadas para remuneração dos médicos. José Cechin, diretor da entidade, explica que os 2 mil procedimentos médicos do rol da ANS foram divididos em 100 grupos.

Publicidade

"Cada grupo conta com cerca de 20 procedimentos e todos serão remunerados de forma igual. Isso facilita, pois em vez de o médico negociar o valor de 2 mil itens com as operadoras vai negociar apenas 100." A FenaSaúde afirma que a Reproposta foi formalizada junto à ANS e aceita pelas entidades médicas. Mas representantes do CFM e da Fenam disseram ter sido surpreendidos com a medida. "Não houve discussão ou aprovação. Acho capcioso divulgarem isso na véspera da paralisação", diz Carvalhaes.

Colaborou Karina Toledo

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.