sauloluz
29 de outubro de 2009 | 12h32
PAULO JUSTUS – JORNAL DA TARDE
Algumas das novas leis que favorecem o consumidor ainda não deslancharam. O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) ainda é motivo de reclamação no Procon, quase um ano após o lançamento da lei do SAC.
Apenas 0,9% dos telefones fixos e móveis do Estado de São Paulo aderiu ao
cadastro de bloqueio de telemarketing, regulamentado no fim de 2008.
E a lei da banana, que entrou em vigor em setembro também enfrenta
resistência, principalmente de feirantes, que ainda não vendem o produto por quilo, conforme o determinado.
A mais nova regra estadual, que estabelece que as entregas de produtos e
serviços sejam feitas com data marcada também já desperta críticas. O
Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), por exemplo, classificou como
dúbio o texto da lei, que deixa a cargo dos fornecedores o estabelecimento
dos turnos para a entrega. “Faltou uma expressão legal para indicar que a
opção dentre os três turnos disponíveis é, ou deve ser, exercida pelo
consumidor e não predeterminada pelo fornecedor”, diz a advogada do Idec,
Maíra Feltrin.
Mesmo reconhecendo que há problemas, o Procon avalia como positivas as novas normas. O advogado especializado em defesa do consumidor e consultor do JT, Josué Rios, diz que algumas regras “pegam” mais que outras. Ele cita o exemplo de duas alterações recentes no código de defesa do consumidor que passaram despercebidas. A primeira é a Lei 11.785, de 23 de setembro de 2008, que estabeleceu que a letra de contratos comerciais tenha no mínimo corpo 12.
Outra é a Lei 11.800, de 29 de outubro de 2008, que proibiu a publicidade em chamadas telefônicas pagas pelo consumidor. “As leis estão sendo pisoteadas, principalmente porque os órgãos de defesa não informam devidamente os consumidores.”
O assessor-chefe do Procon de São Paulo, Carlos Coscarelli, ressalta que nem sempre a quantidade de leis para o consumidor pode ser traduzida em
qualidade. “Essas leis que alteram o código acabam retirando a virtude
generalista da lei, e podem cair em desuso”, diz. Rios diz que a legislação com muitos detalhes estabelecidos no texto abre brechas para ser contestada por parte das empresas. “As leis pretendem sair do inferno para o paraíso sem escala e acabam facilitando a contestação pelas empresas”, diz.
NÃO EMPLACAM
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