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Consciência deve prevalecer

Por crespoangela
Atualização:

Texto de Eleni Trindade

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Defesa do Consumidor e Consumo Consciente foram os temas que dominaram a apresentação de Aron Belinky, gerente de Projetos Especiais do Instituto Akatu. Ele iniciou sua fala mostrando ao público a fotografia de uma favela de cabeça para baixo usada em peças publicitárias do Akatu. A peça confunde: um olhar rápido ou desatento pode levar o observador a pensar que está tudo certo com a imagem.

"Rapidamente entendemos e decodificamos a paisagem que já conhecemos, mas muitas vezes não paramos para pensar no assunto. O que o Akatu propõe é que a gente saia do piloto automático e olhe o mundo com uma consciência renovada para entender que as coisas nem sempre foram como parecem e podem ser diferentes", destacou.

Para exemplificar, Belinky mostrou um gráfico com a evolução da pesca do bacalhau no Mar do Norte: o consumo começa a subir gradativamente de 860 até 1940, tem um grande pico em 1960, uma queda abrupta em 1970 e no ano 2000 chega praticamente a zero. "Isso mostra que o mercado não regula tudo", disse. "No fim dos anos 50, quando os americanos começaram a ter geladeira em casa, quando foi possível o transporte em frigoríficos e os supermercados puderam entregar o produto cada vez mais longe, o mercado respondeu capturando, consumindo e faturando com esse recurso, mas não percebeu que esse estoque tinha um limite e esgotou esse limite."

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"Hoje estamos usando 20% a mais do que a Terra é capaz de suprir, quando há 60 anos usávamos metade do que a Terra era capaz de produzir", destacou Belinky. "Hoje, comparando com nossa vida financeira, estamos sacando do cheque especial e sabemos o que acontece quando a pessoa vai sacando a descoberto durante um longo tempo. Ela vai quebrar e não vai ter um jeito de limpar o nome com a Natureza".

Para resolver a questão, ele cita três caminhos: gerar uma população num tamanho compatível aos recursos naturais disponíveis, ter uma tecnologia que aproveite melhor os recursos e mudar o comportamento - entre eles, a maneira de descartar o lixo.

Belinky citou que, em 2004, o orçamento da Capital gastou R$ 400 milhões para cuidar do lixo e R$ 600 milhões com educação e frisou que é preciso mudar as atitudes, pois, ao jogarmos embalagens desnecessárias no lixo, jogamos a educação e outras melhorias junto. "O lixo que eu jogo aqui é aquele que vai me roubar dinheiro da educação e poluir o rio. A consciência é de cada um.

Mudanças começam no nosso dia-a-dia

E como começar a mudar para nos tornarmos consumidores conscientes? Colocando-se como protagonista e percebendo que no dia-a-dia o consumo tem um impacto na sociedade e no Planeta, aconselha Aron Belinky.

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"Podemos mudar o nosso comportamento de compra, de uso e de descarte no cotidiano e com isso praticar a cidadania por meio do consumo", explica ele. "O consumidor consciente percebe que tem o seu papel e que ele trabalha em duas frentes para a sustentabilidade: pela própria atuação no uso de recursos naturais e interagindo com a sociedade, com o governo e com as empresas para induzi-las em uma certa direção."

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Nesse momento, explica ele, é que o protagonismo e a defesa do consumidor atuam juntos. "A defesa contribui para nivelar a relação entre um indivíduo e uma grande corporação ou grande marca e a defesa às vezes esconde a idéia de que também temos obrigações e, mais do que isso, temos possibilidades de atuar." A atuação do consumidor vai além de exigir das empresas produtos e serviços com qualidade, destaca ele. "Temos de esperar das empresas que elas sejam socialmente responsáveis, contribuam com a sociedade na construção de um mundo melhor e que, como a Serasa está fazendo aqui, apóiem a construção de conhecimento e de consciência.

Do ponto de vista do consumo consciente, a defesa é uma condição essencial e primordial para a cidadania, pois sem a defesa do consumidor não temos como ter auto-estima para agirmos como cidadão."

E agir como cidadão significa mudar nossas atitudes automáticas do cotidiano. Por exemplo: o serviço de entrega de refeições em domicílio é muito cômodo, rápido e confortável para o consumidor e a comida vem bem embalada e protegida, mas geramos um monte de lixo para jogar fora. Ou, se em vez de usarmos copinhos descartáveis na empresa em que trabalhamos, usássemos uma garrafa individual poderíamos reduzir o lixo a zero. "Cada um de nós aqui, sem que ninguém tenha de falar ou pedir nada, pode fazer essa mudança de comportamento", aconselha.

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